A palavra-chave transformação marca o momento pelo qual passa a cadeia produtiva do leite no Brasil, conforme análise de Elias Zydek, diretor-executivo da cooperativa Frimesa. Em entrevista ao portal, Zydek afirmou que o setor lácteo enfrenta mudanças profundas em suas estruturas, modelos de negócio e cadeias de valor.
Zydek destaca que uma das principais forças motrizes dessa transformação é a necessidade de competir em um mercado globalizado, em que produtores brasileiros têm de lidar com preços internacionais, custos elevados e exigências crescentes de qualidade e escala. Segundo ele: “O produtor paranaense e, aqui no Oeste, precisa competir com preços internacionais”
Ele ressalta que, historicamente, o setor do leite brasileiro operava sob paradigmas locais — produção voltada ao consumo interno, menor escala, margens mais apertadas — mas agora está em meio a uma fase de transformação em que fatores como automação, padronização, eficiência logística e gestão de recursos se tornam centrais.
Desafios da transformação
Entre os obstáculos que Zydek aponta para essa transformação, destacam-se:
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A gestão de recursos nas propriedades: ele considera que “o principal gargalo para a competitividade no leite está na gestão dos recursos disponíveis nas propriedades brasileiras”.
A escalabilidade da produção: passar de modelos de produção regional para cadeias com maior abrangência nacional e até internacional exige investimentos e adaptação.
A pressão de preços internacionais: a concorrência externa e os custos internos elevam o ritmo necessário para a transformação.
A necessidade de incorporar tecnologia, rastreabilidade e logística para atender exigências crescentes de mercado, bem como garantir maior valor agregado ao produto final.
Oportunidades no setor
Apesar dos desafios, a transformação traz oportunidades relevantes que Zydek destaca, como:
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A cadeia do leite pode ganhar maior eficiência e competitividade por meio de serviços integrados de apoio, tecnologia e cooperação entre produtores e indústria.
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A adoção de modelos cooperativos ou integrados que permitam unir escala e qualidade, reduzindo custos por litro e aumentando margens.
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A diversificação de produtos lácteos com valor agregado — por exemplo, queijos especiais, leite premium, yogurtes funcionais — que podem se beneficiar desse momento de transformação.
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A atuação em mercados internacionais ou exportações pode se acelerar se a transformação avançar, abrindo espaço para produtos brasileiros com diferenciais de qualidade.
Impacto regional e nacional
Para o Brasil, e em especial para regiões com forte presença da atividade leiteira como o Oeste do Paraná, onde Zydek atua, essa transformação significa não apenas um ajuste técnico-produtivo, mas também uma mudança de mindset: de “produtor local” para “atores globais” da cadeia láctea. A Frimesa, sob sua liderança, projeta crescer com base nessa transformação, mostrando que cooperativas industriais podem liderar o processo.
Conclusão
Em síntese, a palavra-chave transformação resume o atual momento do setor do leite no Brasil segundo Elias Zydek: a transição que está em curso exige adaptação estratégica, investimento em gestão e tecnologia, e uma visão mais ampla de mercado. Para quem atua no segmento lácteo brasileiro — produtores, indústrias, fornecedores e distribuidores — o recado é claro: ou se avança na transformação ou corre-se o risco de ficar para trás.
Escrito para o eDairyNews, com informações de Preto no Branco.






