A fórmula infantil ByHeart Whole Nutrition está no centro de uma investigação sanitária que mobiliza autoridades federais e estaduais nos Estados Unidos, após 13 bebês desenvolverem botulismo tipo A desde agosto. A informação foi confirmada pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), que emitiu um alerta urgente orientando pais e responsáveis a interromper imediatamente o uso de dois lotes específicos do produto.
Segundo a FDA, os casos foram identificados em 10 estados americanos, incluindo Arizona, Califórnia, Illinois, Minnesota, Nova Jersey, Oregon, Pensilvânia, Rhode Island, Texas e Washington. Embora nenhuma morte tenha sido registrada, o surto acendeu um sinal de alerta em todo o país, especialmente porque os sintomas do botulismo podem demorar semanas para se manifestar e evoluir rapidamente para quadros graves.
A agência informou que dois lotes da fórmula ByHeart — 206VABP/251261P2 e 206VABP/251131P2 — não devem ser utilizados em hipótese alguma até que as análises laboratoriais sejam concluídas. O produto foi comercializado online e em grandes varejistas, ampliando o alcance potencial do risco. Amostras estão em fase de testes, e os resultados devem ser divulgados nas próximas semanas.
O botulismo infantil é uma doença rara, porém grave, provocada pela ingestão de esporos da bactéria Clostridium botulinum. Para bebês, o risco é particularmente elevado, pois o sistema gastrointestinal ainda está em desenvolvimento. Entre os sintomas mais comuns estão: dificuldade para se alimentar, fraqueza muscular, perda do controle da cabeça, dificuldade para engolir e redução da expressão facial. Diante de qualquer um desses sinais, a FDA recomenda buscar atendimento médico imediato.
A agência enfatizou que os lotes envolvidos representam menos de 1% de toda a fórmula infantil vendida no país e que, portanto, não há indicação de risco de desabastecimento. O cenário atual é diferente do de 2022, quando uma grande escassez nacional obrigou os EUA a importar produtos da Europa por via aérea, após o fechamento de uma fábrica e problemas persistentes na cadeia logística pós-pandemia.
A fabricante ByHeart reconheceu o alerta e anunciou um recall voluntário dos dois lotes, classificando a medida como uma decisão tomada por “excesso de cautela”. Em comunicado, Mia Funt, fundadora e presidente da empresa, afirmou que a segurança das famílias está acima de qualquer outro fator. “Levamos qualquer preocupação potencial extremamente a sério e agimos rapidamente para proteger os bebês. Como pais, entendemos perfeitamente a ansiedade que essa notícia pode causar”, declarou.
A executiva também esclareceu que, até o momento, nem a ByHeart nem as agências reguladoras confirmaram a presença de esporos ou toxinas botulínicas nos produtos recolhidos. O recall, segundo ela, busca eliminar qualquer possível risco e garantir o mais alto padrão de segurança alimentar.
Dados repassados pela empresa indicam que cerca de 83 casos de botulismo infantil foram relatados nos EUA desde agosto, sendo que 13 deles — aproximadamente 15% — estavam associados a bebês que consumiram a fórmula ByHeart. A origem dos demais casos ainda está sob investigação, reforçando o caráter complexo do surto.
A FDA trabalha em conjunto com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e com autoridades de saúde estaduais e locais, incluindo o Programa de Tratamento e Prevenção do Botulismo Infantil da Califórnia. O esforço coordenado busca mapear a cadeia de distribuição, rastrear possíveis fontes de contaminação e orientar profissionais de saúde sobre monitoramento precoce de sintomas.
Autoridades enfatizam que casos de botulismo infantil exigem resposta rápida. Bebês infectados podem necessitar de internação e, em alguns casos, de antitoxinas específicas. O tratamento costuma ser eficaz quando realizado precocemente, mas atrasos podem levar a complicações respiratórias e neurológicas.
Para as famílias que adquiriram os lotes envolvidos, a recomendação é interromper o uso imediatamente e descartar o produto de forma segura. Pais e cuidadores devem observar atentamente qualquer alteração no comportamento ou padrão de alimentação da criança.
Enquanto isso, o mercado de fórmulas infantis nos Estados Unidos revisita discussões sobre rastreabilidade, padrões de controle microbiológico e velocidade de resposta a riscos emergentes. O caso ByHeart se transforma em mais um lembrete da vulnerabilidade desse segmento e da importância de mecanismos de supervisão rigorosos.
Escrito para o eDairyNews, com informações de O Globo
