O acordo para exportação de produtos lácteos entre Brasil e China foi tema do primeiro debate do Circuito de Gestão e Inovação no Agronegócio, que ocorreu na tarde deste sábado (24/8)

O acordo para exportação de produtos lácteos entre Brasil e China foi tema do primeiro debate do Circuito de Gestão e Inovação no Agronegócio, que ocorreu na tarde deste sábado (24/8) no auditório da administração do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, durante a 42ª Expointer.

O evento foi motivado pela notícia da abertura do mercado chinês para os produtos lácteos brasileiros (leite e derivados), divulgada no final de julho, e pela entrada em vigor das Instruções Normativas do Leite (INs 76 e 77), implementadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O debate resultou de uma parceria entre a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat) e o Instituto de Educação no Agronegócio (I-UMA).

“Eu valorizo as relações estratégias que precisam ser organizadas entre políticas públicas e lideranças empresariais para enfrentar as exigências que estes novos mercados apresentam, tais como barreiras alfandegárias, qualificação industrial e segurança alimentar”, afirmou o economista José Américo da Silva, presidente do I-UMA. Ele entende que o Brasil deveria dar atenção ao próprio Mercosul, “as oportunidades que temos próximas”, e prospectar negócios além da China. “É preciso olhar para o bloco econômico Ásia-Pacífico, porque ele tem uma dimensão extraordinária em função do que representa o PIB destes países, mais de US$ 20 trilhões, quase a metade de toda a produção industrial do mundo.”

As Instruções Normativas do Leite visam melhorar a qualidade e a competitividade do produto brasileiro, mas sua implementação envolve desafios, em termos de gosto de consumidores externos e de competição com mercados como Nova Zelândia, União Europeia e Estados Unidos.

“Há desafios técnicos, por exemplo, o chinês gosta de um queijo mais seco do que úmido, e desafios de políticas públicas, inclusive, do Ministério da Agricultura para fomento à produção”, comentou o chefe do Serviço de Inspeção Federal do Mapa no Rio Grande do Sul, Leonardo Werlang Isolan. Ele prevê um incremento de U$ 4,5 milhões ao ano, com a implementação desta estratégia de exportação.

“Nós somos ainda um país importador. O Brasil mais importa do que exporta. O Rio Grande de Sul é Estado exportador para outros estados e para fora também”, ressaltou o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra. “As INs 76 e 77 exigem um pouco mais na questão da qualidade, o que é importante para a indústria. Com uma qualidade superior, conseguimos ter produtos com mais tempo de vida de prateleira e conversões melhores.” Conforme Guerra, para chegar ao mercado chinês e ser competitivo, é preciso ações de produtores, da indústria e do governo também. A China habilitou 24 estabelecimentos brasileiros, sendo seis no Rio Grande do Sul, para exportação de produtos como leite em pó, queijos e leite condensado.

“Precisamos de adaptação na cadeia produtiva do Estado, sincronizar extensão rural, primar muito pela qualidade, num esforço entre indústria, produtores e Estado, para qualificar nosso produto e assim conquistar mercado fora do Brasil”, afirmou o secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho.

Segundo dados do Mapa, os chineses são os maiores importadores de lácteos do mundo, comprando 800 mil toneladas de produto por ano. Em 2018, a China importou 108 mil toneladas em queijos, com crescimento anual de 13% nos últimos cinco anos, devido à expansão populacional. O Brasil produz uma média de 600 mil toneladas de leite em pó anualmente. Em 2018, o setor lácteo do país exportou para mais de 50 destinos, com expectativa de faturar US$ 4,5 milhões em produtos lácteos, como queijo e leite em pó, conforme projeção da Viva Lácteos – Associação Brasileira de Laticínios.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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