Camisa polo, crachá no pescoço, o bilionário agricultor Blairo Maggi, de 63 anos, se surpreendia a cada passo no Vale do Silício (EUA). Mês passado, visitou-o com executivos da sua Amaggi, cujo lucro subiu 50,5% (R$ 804,8 milhões). Imaginaram uma viagem ao futuro, mas na Califórnia descobriram a relatividade do tempo. Principalmente, no agronegócio (44% do total de exportações brasileiras).
Maggi, maior produtor mundial de soja, espantou-se com a transformação no campo. A lavoura já opera máquinas capazes de identificar doenças em plantas, medir teor de argila e nível de fertilidade do solo, indicar se as vacas “tão prenhas” e monitorar a gestação e doenças.
Provou e gostou das carnes de boi, de aves, ovos e leite feitos em laboratório a partir de células-tronco. Ouviu sobre como a carne e o leite podem ter adição de vitaminas e remédios. Se crianças precisam de nutrientes, vacinas ou antibióticos, a dose vai adicionada à carne ou leite, com mesmo sabor. O leite de laboratório já tem 20% do mercado dos EUA.
Mais surpreendente foram as hortas verticais da Plenty. Elas mostram ser possível alimentar milhares com pequenas fazendas, usando 99% menos terra que o padrão brasileiro, com somente 5% do atual consumo de água, sem pesticidas e sementes transgênicas. As plantas crescem durante 18 horas por dia, com qualidade três vezes acima da habitual, em safra contínua. Maggi degustou alfaces. Achou “ótimas”.
Em Brasília, o milagre da modernidade é outro. Como escreveu o poeta Cacaso, a água já não vira vinho, vira direto vinagre.