A produtividade média da fazenda leiteira no Brasil não ultrapassa 3.500 l/ha/ano, frente a um potencial dez vezes maior

A produtividade média da fazenda leiteira no Brasil não ultrapassa 3.500 l/ha/ano, frente a um potencial dez vezes maior

marcelo de rezende cooperidealPor Marcelo de Rezende*

A baixa produtividade é um dos principais indicativos de como a atividade leiteira é conduzida de maneira ineficiente nas propriedades brasileiras. Sem a aplicação de conceitos básicos ligados à produção e à gestão do negócio, grande parte das fazendas produtoras vive em situação de penúria, na eterna dependência da melhoria nos preços pagos pelo leite. Tal cenário tem como origem a negligência na aplicação de conhecimento básico nas áreas de nutrição e de manejo dos rebanhos, que acabam por ocasionar um baixo desempenho produtivo e um cenário de ineficiência reprodutiva em uma atividade onde as vacas necessitam parir para produzir. Além da falta de aptidão dos animais utilizados para a produção de leite, o uso ineficiente da terra, com origem na falta de correção e adubação do solo, que impede uma adequada produção de forragem para a manutenção de uma quantidade maior de vacas nas fazendas, também colabora para essa situação de baixa eficiência.

Oriunda dessa ineficiente interação entre o baixo desempenho animal e a pouca exploração do potencial produtivo da terra disponível para a atividade, a produtividade média da fazenda leiteira no Brasil não ultrapassa os 3.500 litros/ha/ano, frente a um potencial produtivo cerca de dez vezes maior. Com uma produtividade tão baixa é natural que a atividade leiteira não consiga competir com outras atividades do meio rural quando se analisa a rentabilidade de cada negócio, principalmente com aquelas atividades ligadas à agricultura, que comumente avançam sobre as áreas de pecuária, absorvendo áreas antes utilizadas pelo leite e o corte.

O indicador “Margem/ha/ano”, obtido da multiplicação da produtividade da atividade (litros/ha/ano, @/ha/ano, sacas/ha/ano, t/ha/ano) pela margem de lucro de cada unidade produzida (obtida pela diferença entre o preço de venda do produto e o seu custo de produção), nos permite comparar o desempenho econômico de uma atividade com a outra, pois considera o ganho por área (R$/ha/ano) como base de comparação.

Margem

Como exemplo, podemos estimar qual seria a “Margem/ha/ano” da fazenda média brasileira que produz ao redor de 3.500 litros/ha/ano caso ela obtivesse uma margem de lucro de R$ 0,20/litro de leite produzido. Nesse caso, a multiplicação da produtividade (3.500 litros/ha/ano) pela margem de lucro por litro de leite produzido (R$ 0,20) resultaria em uma “Margem/ha/ano” de R$ 700/ha/ano, ou seja, para cada hectare explorado na atividade durante o ano, o produtor obteve um ganho de R$ 700 neste mesmo período. Para uma situação de melhoria da produtividade e/ou de maior margem por litro produzido, o desempenho da atividade seria melhor em termos econômicos.

Grande parte das propriedades leiteiras que recebem acompanhamento técnico da Cooperideal, em especial aquelas com maior tempo de acompanhamento, possuem produtividades superiores a 20.000 litros/ha/ano, obtendo margens superiores a R$ 6.000/ha/ano, desempenho que as coloca em condições de serem comparadas com as melhores fazendas produtoras de milho e soja do país, demonstrando que em um adequado patamar de eficiência a atividade leiteira é altamente lucrativa e competitiva. Transformar uma atividade inicialmente ineficiente na utilização de seus fatores de produção e colocá-la em condições de competir com uma agricultura altamente tecnificada exige trabalho duro, pois o sucesso não acontece por acaso.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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