Em poucos segundos, toda toda a produção dos últimos 4 dias vai parar no lixo. A imagem dos 1.700 litros de leite escorrendo pelo chão na propriedade do produtor Sérgio desperta tristeza, revolta e uma dúvida: até quando a falta de infraestrutura vai continuar sendo um obstáculo para quem vive e produz no noroeste de Mato Grosso?
A cena registrada neste fim de semana retrata a realidade cruel de quem depende da BR-174 para transportar o que sai do campo. Sem condições de tráfego, a rodovia federal – e ainda de chão – se transformou em um grande atoleiro que impede o direito de ir e vir de quem precisa passa por ela. Assim como tantos outros, os caminhões que iriam recolher o leite produzido na região – incluindo a propriedade do Sérgio – também ficaram presos na estrada que tem justificado a sensação de abandono relatada por quem vive por lá.
Para tentar avançar alguns quilômetros no “lamaçal da 174”, motoristas recorrem a cordas e cabos de aço para unir veículos a fim de conseguir mais força para – quem sabe – vencer o desafio imposto pela estrada. Dos oito veículos do laticínio Caster Leite que percorrem a diariamente a rodovia para buscar a produção no campo, dois deles utilizaram este recurso para tentar garantir a coleta… mas não conseguiram evitar o atraso no cronograma.