Há nove anos, em Linha 17 de Junho, o casal Marcelo Müller e Liege Schweikart trabalhavam com a cultura do tabaco e gado de leite. “A gente se criou no fumo. Ano passado decidimos largar o tabaco e se dedicar exclusivamente para o gado de leite”, conta Liege. Após o início da atividade de leite, apenas em 2014, os produtores decidiram apostar no melhoramento genético, garantindo um bem-estar animal e mais produtividade para o criador.
Em 2018, quando a Prefeitura de Venâncio Aires instituiu o Programa Agropecuário de Bovinocultura de Leite e lançou o edital para subsidiar a aquisição de doses de sêmen de touros provados para o melhoramento genético do rebanho leiteiro, a família se habilitou e desde então participa das edições do programa. “Com o melhoramento genético a gente consegue um animal de porte médio, com saúde, evita muitas doenças e consegue controlar as características dele, sendo assim, teremos uma vaca forte e saudável”, destaca Liege.
Agora, já estão com a segunda geração do vale–sêmen e com isso, conseguem ter a cada ano gerações de animais com uma genética melhor. Conforme o engenheiro agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Diego Barden dos Santos, um dos destaques dos produtores é que na propriedade eles implantaram um controle reprodutivo diferenciado. “Os partos foram programados para um período específico do ano”, comenta.
Segundo o engenheiro agrícola, para ter vacas de leite saudáveis e produtivas no plantel, o segredo é iniciar com um investimento e cuidados na criação das bezerras. Isso porque, após o nascimento da bezerra, o produtor precisa cuidar do animal durante dois anos e só então levar ele para a ordenha. “No melhoramento genético a gente consegue corrigir os defeitos da vaca e conseguimos avaliar e modificar características produtivas e reprodutivas. Para produzir mais e melhor, o gado leiteiro precisa, antes de tudo, ter uma boa genética, mas esta genética vai se expressar com uma criação adequada da terneira ”, pontua Santos.
Melhoramento genético
O melhoramento genético parece um sonho impossível para pequenos produtores, mas desde 2018, com os editais lançados pela Prefeitura e em parceria com a Emater, que presta assistência, a longo prazo os resultados são nitidamente observados pelos criadores e técnicos. “A cada dois meses a gente faz uma visita na propriedade, faz o controle e a dieta dos animais”, enfatiza Santos.
Hoje, na propriedade em Linha 17 de Junho, são dez vacas na ordenha, mas no total serão 22 entre vacas e novilhas que logo entrarão em ordenha.
O técnico rural da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Gerson Antoni, explica que o vale–sêmen foi um programa inovador. “É uma política pública com o produtor. Eles que decidiram as regras no Grupo do Leite. Temos uma criação conjunta da equipe técnica com os produtores”, enfatiza.
O chefe de Departamento de Máquinas, Veículos e Implementos da secretaria de Desenvolvimento Rural, Gilmar Mohr, ressaltou que o investimento é custeado pela Prefeitura e agricultor. “Serão destinados R$ 25 mil para o vale–sêmen, para distribuir entre os produtores interessados e aptos. Eles se habilitam e o Município ajuda com a metade.”
“O resultado do melhoramento genético na tua criação aparece daqui uns três anos, não é um avanço com resultado imediato. Mas só quem faz sabe que vale a pena. A gente consegue um animal saudável, forte, bonito e de qualidade. O segredo é começar na criação da terneira, ali sim, é o início de tudo e você consegue ter uma boa vaca, no futuro”
LIEGE SCHWEIKART-Produtora de leite
Edital segue aberto até o dia 15 de maio
A Administração Municipal abriu, no dia 24 de abril, as inscrições de produtores interessados em aderir ao Programa Agropecuário de Bovinocultura de Leite. A proposta tem como objetivo subsidiar a aquisição de doses de sêmen de touros provados para o melhoramento genético do rebanho leiteiro. Os interessados precisam se habilitar até o dia 15 de maio, junto à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural.
Serão destinados R$ 25 mil para o segmento. O valor vem do Fundo Municipal do Desenvolvimento Rural (FMDR). Os produtores podem se habilitar e o município ajuda com 50% e o restante é custeado pelo agricultor.
Os documentos necessários para o cadastro são: saldo do rebanho da Inspetoria Veterinária e Zootecnia, teste de tuberculose e brucelose de todo o rebanho, avaliação genética das fêmeas acima de 12 meses, acasalamento com indicação dos touros, cópia da nota de venda de leite. Em caso de dúvidas, o produtor pode entrar em contato com a secretaria ou com a Emater de Venâncio Aires, com Diego Barden dos Santos.