De acordo com o comentarista Benedito Rosa, o governo não pode oferecer medidas comuns, porque essa é uma crise mais séria
O clima na pecuária leiteira é de incertezas. O preço do leite, que já sofreu queda nas últimas semanas, deve cair ainda mais em maio. Os estoques nas indústrias estão elevados e não há demanda para escoamento. Mesmo que o isolamento social termine no mês que vem, ainda vai levar um tempo para a situação se restabelecer.
Benedito Rosa, comentarista do Canal Rural, afirma que com o alto volume de leite nos grandes laticínios, a produção nas fazendas será comprometida. “As indústrias, médias e pequenas, direcionaram sua produção, que era de queijo, para o mercado de spot. As grandes indústrias, aparentemente, tiveram fôlego para absorver esse leite e fabricar queijos e produtos. O mês de abril registrou uma situação de estoques elevados nas indústrias e se isso estiver acontecendo realmente, pode afetar os produtores em maio”, comentou.
Segundo o comentarista, o Brasil precisa adotar medidas mais específicas para a cadeia produtiva do leite durante a pandemia da covid-19, como foi feito no governo americano, por exemplo.“Nos Estados Unidos, o governo está pagando R$ 16,5 bilhões aos produtores para cobrir a margem negativa dos lucros. Com esse dinheiro, 36.700 fazendas de leite receberão uma compensação financeira direta”, afirma.
O comentarista reforça que não é o momento do governo federal oferecer medidas para crises normais. “É uma crise de calamidade, não é o caso para o produtor sentar diante do gerente e ver se ele empresta. Agora nós precisamos de medidas mais urgentes, porque senão o pequeno e médio produtor de algumas regiões do país, principalmente do Sul, podem deixar a atividade e os preços, mesmo que reajam no final de maio, não alcançam a tempo de ajudar”, finalizou.