O aumento das exportações de carnes e o consumo maior de proteína animal estão estimulando a produção nacional de ração animal. De acordo com os dados do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), no primeiro trimestre de 2020, foram produzidas 18,9 milhões de toneladas de ração, aumento de 4,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
A expectativa é de que, até o final do ano, o volume alcance 80 milhões de toneladas, representando um crescimento de 3,8% se comparado às estimativas de 2019.
Com produções relevantes de ovos, aves, suínos, piscicultura e bovinos, a projeção, segundo o CEO do Sindirações, Ariovaldo Zani – e baseado em dados de mercado e no plantel mineiro -, é de que Minas Gerais respondeu, em 2019, por cerca de 11% da produção nacional de rações, com um volume estimado em 8 milhões de toneladas.
No País, de janeiro a março, a maior produção foi de ração para aves, que somou 10,8 milhões de toneladas, 3,9% a mais que o volume registrado em igual período de 2019.
Para suínos, a fabricação de ração chegou a 4,3 milhões de toneladas, aumento de 4,3% frente ao primeiro trimestre de 2019. A produção de ração bovina chegou a 2,44 milhões de toneladas, volume 5,6% superior. Para gado de leite, a produção de ração foi de 1,53 milhão de toneladas, o que representou um incremento de 5,9%. Já a fabricação de ração para bovinos de corte cresceu 5% e somou 947 mil toneladas.
Para equinos, o volume fabricado foi de 165 mil toneladas, alta de 2,7%. A ração voltada para cães e gatos somou 625 mil toneladas, incremento de 5%. Para a aquacultura foram produzidas 393 mil toneladas de ração, volume 6,4% maior.
O CEO do Sindirações explica que, no início do ano, as estimativas em relação à economia brasileira eram positivas, principalmente, pelos avanços das reformas estruturais. A partir de março, com a pandemia do novo coronavírus, a economia foi afetada, mas a demanda por proteína animal seguiu em alta, o que estimulou a procura e a produção de ração animal.
Auxílio emergencial – Ainda segundo Zani, no mercado interno, apesar do fechamento dos bares e restaurantes e da suspensão de diversas atividades econômicas, a pandemia fez com que o consumo nos lares ficasse maior, uma vez que as pessoas estão em isolamento social. Além disso, o pagamento do auxílio emergencial permitiu que as famílias continuassem a consumir.
“O pagamento do auxílio emergencial tem contribuído para a sustentação da demanda por carnes e ovos, o que estimula a produção de ração para os animais. A estimativa é de que, nos próximos meses, caso o auxílio continue sendo pago, o consumo se mantenha em alta, o que favorece a indústria de ração”.
Além da demanda interna maior, as exportações também estão contribuindo para a maior fabricação de ração. Desde o ano passado, com os casos de Peste Suína Africana (PSA), que dizimou quase metade do rebanho suíno na China, as exportações para o país asiático estão maiores, tanto de carne bovina como suína e de aves.
Exportações – Com a pandemia do novo coronavírus, houve paralisação das atividades industriais em vários países, incluindo frigoríficos, e a necessidade de alimentar a população também estimulou as exportações feitas pelo Brasil, que segue em condições de abastecer o mercado interno e atender a demanda externa.
“Com a pandemia do novo coronavírus, várias atividades na China, Europa e Estados Unidos foram suspensas, por isso, houve uma necessidade maior de importar proteína animal, e o Brasil tem aproveitado a oportunidade e melhorado a performance exportadora”, explicou.
Para o restante do ano, mantendo a cautela, uma vez que os cenários são muito incertos devido às crises de saúde e econômica provocadas pela pandemia, Zani estima que a demanda por proteína animal se sustentará em um patamar que permitirá o crescimento de 3,8% na produção de ração no fechamento do ano.
“Os resultados dependerão da longevidade e magnitude das crises provocadas pelo Covid-19 na saúde e na economia. A tendência é de que o pagamento do auxílio seja estendido por mais alguns meses, mas, quando suspenso, isso irá impactar de forma negativa no consumo de carnes e na indústria de ração animal. Pelo lado do mercado externo, a tendência é de uma demanda ainda alta por parte da China e um acomodação da demanda vinda da Europa e dos Estados Unidos. Imagino que, no ano, se a gente alcançar um crescimento na área de alimentação animal próximo a 4%, seria um número fantástico e imprevisível diante de uma catástrofe que estamos vivendo”, concluiu.