Com a certificação, concedida em 10 de julho, a queijaria do Sítio Santo Antônio tornou-se a primeira do município a conquistar o direito de comercializar o Queijo Serrano dentro da legalidade.
A história do Sítio Santo Antônio teve início em 2006, quando o casal Air e Jacinta Zanelato encerrou suas atividades no funcionalismo público e adquiriu uma área de 48 hectares no município de Bom Retiro. Os planos eram produzir vinhos e trabalhar com a criação de gado. A produção do queijo, trazida da cultura de seus antepassados, era um hobby para aproveitar o leite produzido, mas aos poucos foi se sobressaindo às demais atividades e se tornou um objetivo de vida.
Eles abraçaram a causa, que é também de muitos outros produtores de QAS. “Nós escolhemos o queijo para ser nossa atividade e o queijo nos escolheu! Hoje ele ocupa 100% das nossas atividades”, comenta Air. O produtor considera que tem uma missão a cumprir: “tornar o QAS valioso em todos os sentidos, não somente financeiro, mas como um produto nosso, como nossa identidade, e também permitir a nossa permanência na terra, com orgulho de sermos catarinenses da Serra”.
A família utilizou recursos próprios para o investimento, estimado até o momento em R$ 200 mil. Parte da verba foi investida na edificação da queijaria, sala de espera e sala de ordenha, num total de 134m² de área construída. Outra parte dos recursos foi aplicada na compra de equipamentos e utensílios, instalação de biodigestor para o tratamento dos resíduos sólidos e de sistema de aquecimento solar. Air afirma que os investimentos foram fundamentais para facilitar o trabalho, resultando também em mais qualidade de vida e conforto.
A média de produção do Sítio Santo Antônio é de 2kg de queijo por dia. O rebanho, de raças mistas, é certificado como livre de brucelose e de tuberculose. O produtor também aposta na maturação, que é a transformação pela ação do tempo, como um diferencial para o seu queijo.
Assistência técnica
Air é um produtor que está sempre buscando informações e um estudioso do assunto. “Produtores como o Air e a Jacinta, que estão sempre preocupados com a qualidade do produto aliada à tradição, nos fazem perceber que estamos no caminho certo, que a nossa dedicação neste projeto tem contribuído de forma bastante relevante para esta atividade, que corria o risco de desaparecer”, explica Cristiane Lopes Couto, extensionista social da Epagri em São Joaquim. Ela assiste a família em parceria com José Kauling Sobrinho, extensionista rural da Epagri em Bom Retiro.
A Epagri dá assistência técnica aos produtores de queijo artesanal serrano por meio de visitas a campo, reuniões de grupo e capacitações em boas práticas agropecuárias e de fabricação. Juntamente com outras entidades, vem há anos buscando a legalização e o reconhecimento deste produto, que faz parte da culinária, da tradição e da cultura do povo serrano. “Também consideramos de extrema importância a participação dos produtores de QAS nas reuniões de grupo Cite – Clube de Troca de Informações e Experiências, onde, além das capacitações conduzidas pela Epagri, eles têm a oportunidade de conhecer e trocar experiências entre as queijarias da região”, relata Cristiane.
Após a obtenção do SIM, a família Zanelato encaminhou à Cidasc a solicitação para a obtenção do Selo Arte, que permite que os produtos artesanais de origem animal sejam comercializados em outros estados, além de atestar a autenticidade destes produtos como artesanais.
O Queijo Artesanal Serrano é produzido há mais de dois séculos e até recentemente conviveu com a informalidade. A aprovação do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade e a sanção da Lei n. 17.003, em 2016, estão mudando esta história, permitindo que queijarias com o SIM ou outras certificações similares possam comercializar sua produção. “Trata-se de um produto diferenciado, inigualável da Serra Catarinense, agora com Inspeção Municipal, Indicação Geográfica e segurança alimentar nas queijarias legalizadas”, finaliza a extensionista da Epagri.
Informações e entrevistas
Cristiane Lopes Couto, extensionista social da Epagri em São Joaquim, pelo fone (49) 32338401