Estudo feito em propriedade no município de Alta Floresta atestou eficiência do produto orgânico
O babaçu é uma palmeira utilizada de forma ampla e diversa pelas populações da região norte do Brasil, incluindo a região da Amazônia em Mato Grosso. As folhas, a casca, o caule, amêndoas e até a polpa são matéria prima para a confecção de artesanatos e utensílios, produção de cosméticos, moradias tradicionais e na alimentação.
Agora, a espécie soma mais uma utilidade.
O farelo do mesocarpo, a polpa que fica entre a casca e a amêndoa do fruto de babaçu, é eficiente na alimentação de gado de leite e alternativa sustentável aos compostos convencionais, feitos à base de milho e soja.
Isso é o que apontou o resultado é de um experimento realizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O estudo atestou a qualidade e produtividade do leite em vacas alimentadas com o composto da palmeira.
A pesquisa foi feita em uma pequena propriedade da área rural de Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá.
Pesquisa e resultados
Foram utilizadas 14 vacas em fase de lactação. Metade recebeu a ração convencional (feita de farelo de soja, milho e sal mineral) e a outra metade teve 35% do composto substituído pela ração com o farelo de babaçu.
Com as amostras da silagem, concentrados, fezes e urinas dos animais, foram medidos os índices de produção, lactose, gordura e proteína do leite, além do consumo e digestibilidade da matéria seca.
“Os resultados indicaram que a inclusão de 35,6% de farelo de babaçu na ração foi capaz de suportar produção diária média de leite de 18,2 kg/dia, enquanto a ração convencional produziu 19,8 kg/dia”, aponta.
O diferencial, no entanto, foi que o concentrado à base de farelo de babaçu teve menor consumo de matéria seca. A ração utilizada convencionalmente é feita a base de milho e soja, commodities cujos preços flutuantes prejudicam a produção leiteira familiar.
Conhecimento tradicional
O uso do babaçu para alimentação animal na região não é novidade. O farelo, um subproduto do processo de beneficiamento do óleo da palmeira, é tradicionalmente fornecido a galinhas e porcos, animais criados para subsistência nas comunidades rurais.
A prática já tradicional é que motivou a experimentação do composto na produção de leite, principal atividade da agricultura familiar na região. Para isso, foi utilizado o farelo produzido pelo Grupo de Mulheres Unidas, do Projeto de Assentamento Nova Cotriguaçu, localizado no município de Cotriguaçu.