Em Estrela, no Vale do Taquari, agricultores como o jovem Guilherme Frederico Dickel implantaram esse tipo de galpão, com resultados satisfatórios, o que garante a continuidade do trabalho no campo.
Morador da localidade de Novo Paraíso, Dickel mantém um rebanho de 69 vacas em lactação que juntas produzem cerca de 1.500 litros de leite por dia – número que tem aumentado nos últimos anos, a partir da adoção de uma dieta mais adequada para o rebanho, de cuidados com a genética dos animais e de investimentos em maquinários e benfeitorias que ajudam a reduzir a penosidade no trabalho. “Há cinco anos, quando ainda tirávamos o leite com o balde ao pé, sem um sistema de ordenha canalizada, por exemplo, sequer sabíamos dessas possibilidades”, salienta o jovem de 27 anos.
Foi a partir de uma série de conversas com os extensionistas da Emater/RS-Ascar que a propriedade passou pelas mudanças que conduziriam Dickel a produzir mais e melhor. Na época produtores de suínos, os Dickel – Guilherme mora com os pais Anelise e Artêmio – resolveram mudar a matriz produtiva, apesar da pouca experiência com a bovinocultura de leite. “Em 2015 tínhamos duas ou três vacas que não chegavam aos trinta litros por dia”, recorda. Um problema de Leite Instável Não-Ácido (Lina) fez o agricultor buscar o serviço de Extensão Rural. “Foi uma pequena revolução”, comenta.
Solucionado o problema, os produtores se viram estimulados a prosseguir na atividade. “De tempos em tempos fomos dobrando o rebanho o que, consequentemente, também resultava em aumento da produtividade”, explica Dickel. Cursos como o de Dietas Para Vacas Leiteiras, realizado no Centro de Treinamento de Teutônia (Certa), além da participação em dias de campo, fóruns, palestras, seminários e outras atividades, ampliaram os conhecimentos da família. “Em paralelo tivemos a oportunidade de conhecer a experiência de outros bovinocultores, de trocar informações, o que foi muito bom”, analisa o jovem.
Antes de retornar oficialmente para a propriedade, Dickel chegou a trabalhar na indústria metalúrgica. “Hoje jamais trocaria a minha rotina”, garante. A possibilidade de acessar linhas de crédito para investimentos maiores, caso do compost barn, também entra nesse contexto. “Hoje a gente tem a propriedade organizada, com menos sujeira e menos preocupação com eventuais doenças que possam afetar o rebanho”, pondera. É na estrutura de 1.800m² e 12,5m de altura que o rebanho permanece praticamente o dia inteiro, sem se sujar, descansado e bem alimentado.
O extensionista da Emater/RS-Ascar Tiago Conrad salienta que, apenas no município, mais de 10 bovinocultores de leite já adotaram o compost barn como uma ferramenta que dá liberdade de movimento para os animais, deixando-os livres para se deitar e levantar naturalmente. “Até o cio melhora pela ‘maciez’ da cama de serragem, se comparado a um piso de concreto”, explica. Vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado, a Emater/RS-Ascar apoia os agricultores interessados em saber mais sobre projetos do tipo.