Segundo estudo privado, a diferença entre no preço do leite entre os dois países vizinhos se deve ao fato de que as margens na Argentina estão cada vez menores devido à alta carga tributária, a taxa de câmbio dupla e os programas de preços cuidados que regem o país.
Um produtor de leite argentino recebe 10% menos por seus produtos do que um uruguaio.

Segundo estudo privado, a diferença entre no preço do leite entre os dois países vizinhos se deve ao fato de que as margens na Argentina estão cada vez menores devido à alta carga tributária, a taxa de câmbio dupla e os programas de preços cuidados que regem o país.

Com a recente onda de pedidos de empresários e produtores para se mudarem para o Uruguai, algumas comparações de investimentos e rentabilidade empresarial entre os dois países também aumentaram.

Assim surge um estudo que coleta informações do Observatório da Cadeia Leiteira Argentina (OCLA), INALE, Iapuco e Todo Lechería, que argumentam que os produtores de leite uruguaios obtêm melhores valores medidos em dólares por litro de leite em comparação aos argentinos. Portanto, a situação responderia não apenas a uma questão comercial ou tributária, mas também à taxa de câmbio real, entre outros fatores.

O Uruguai, com uma produção leiteira menor, paga seus produtores de leite melhor do que a Argentina. Segundo eles, para cada litro de leite um produtor de leite daquele país recebe 0,30 centavos de dólar por litro, enquanto na Argentina o produtor recebe 0,27 centavos. Enquanto isso, o preço de saída industrial para o mercado interno no Uruguai é de US $ 0,65 o litro, enquanto na Argentina esse valor cai para US $ 0,55, cuja média negativa para a indústria nacional é de 15,40%.

Nesse sentido, o diretor executivo da OCLA, Jorge Giraudo, ressalta que um dos assuntos que está sendo discutido em nível nacional é a baixa participação dos produtores no valor dos laticínios. “O problema não é a porção, é o bolo, que é pequeno. O Uruguai exporta 76% do que produz e a Argentina consome 75% da produção, exporta apenas 25% do total”, observa o especialista.

Segundo o relatório, a rentabilidade média de um produtor argentino é negativa em 0,5%, enquanto a indústria perde a uma taxa de 1 bilhão de pesos (US$ 11,13 milhões) na média geral. O estudo explica que a diferença entre o valor que os produtores uruguaios recebem do mercado externo é 18,2% superior ao da Argentina.

Nessa área, o preço no Uruguai é de 0,44 centavos, enquanto o preço argentino é de 0,36 centavos para os produtos sólidos de exportação. “As margens que eles recebem para exportar leite devem ser iguais às nossas, mas o problema é que eles cobram integralmente os preços e nos cortam com tarifas de exportação e outros impostos”, acrescenta o diretor da OCLA.

“O fato de que não podem repassar os aumentos de custos está matando a indústria; comprar o produto não é suficiente, porque há por trás um custo alto de mão de obra e o 20% ninguém cobre com este esquema perverso com os Precios Máximos y Cuidados. O problema não são os preços, mas sim, as receitas no país; O argentino não pode pagar uma caixa de um litro de leite.”

Por outro lado, a participação média do produtor uruguaio é de 59%, enquanto a do produtor argentino é de 54%, devido a uma maior preponderância em seus produtos de exportação. “Essa participação na Argentina se divide em 49% do valor de saída da fábrica para o mercado interno e 75% para o mercado externo (Uruguai 46% e 68%), superior em ambos os casos à obtida pelo produtor uruguaio”, afirmam.

Nessa linha, Andrea Passerini, coordenadora da Comissão de Laticínios das Confederações Rurais da Argentina e da Carbap, acrescenta que o país está entre os seis maiores exportadores de laticínios, mas os integrantes desse ranking são grandes cooperativas, como é o caso do Uruguai, onde a processadora principal é justamente uma cooperativa, portanto, eles são os juízes e parte na fixação dos preços. “Eles tomam as decisões da empresa e participam do esquema de formação de preços, e em países que não têm cooperativas, como os Estados Unidos, existe um sistema de regras comerciais sem que seja o maior lance”, explica.

Além disso, garantiu que nesses países existe apenas uma forma de venda obrigatória que é a oral, pelo que não se aplica a uma classificação. “A melhor classificação legal para comercializar leite cru na Argentina seria por meio de um contrato de fornecimento, desde que oral ou escrito”, afirma. Nesse sentido, observa que se em vez de levar os preços dos lácteos para o dólar oficial fossem levados para o dólar solidário, CCL ou gratuito, os produtores dificilmente poderiam receber entre 10 e 15 centavos de dólar para cada litro do produto.

“Quando os industriais listam todos os custos que aumentaram em 2020, percebe-se que estavam todos acima da inflação e que 25% era a matéria-prima, que é onde eles ajustam o desacoplamento gerado pelo governo. Além disso, na Argentina há fixação de preços unilateral, mas temos distorções intra e extra-cadeia”, concluiu.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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