Nei Manica destaca os recordes na safra de soja do Estado
EXPODIRETO/DIVULGAÇÃO/JC
Cristiano Vieira
Maior cooperativa do ramo agroindustrial do Rio Grande do Sul, a Cotrijal não tem do que reclamar. Ano passado, mesmo com a pandemia, a cooperativa de Não-Me-Toque cresceu 5% e alcançou R$ 2,47 bilhões de faturamento. Para este ano, conforme explica seu presidente, Nei Manica, o objetivo é passar dos R$ 3 bilhões. E, num prazo até 2025, a Cotrijal persegue a meta de chegar aos R$ 4,4 bilhões em receita. Manica admite que é um plano ambicioso, mas que será alcançado: ele aposta nas colheitas recordes que o Estado tem visto, como da soja, além do investimento em supermercados e novas lojas com a marca Cotrijal.
Jornal do Comércio – Ano passado a Cotrijal cresceu 5% e chegou a quase R$ 2,5 bilhões em receita. A que o senhor atribuir esta alta, em plena pandemia?
Nei Manica – Tivemos um 2020 realmente excelente, apesar do início da pandemia e da seca que atingiu o Rio Grande do Sul no verão daquele ano. Chegamos ao recorde de R$ 2,47 bilhões em receita, um marco para a Cotrijal. Posso dizer que, apenas dos problemas que tivemos ano passado, a safra foi muito boa, e isso reflete nos nossos resultados. E 2021 está se desenhando muito bem para nós.
JC – Então para este ano, a meta é crescer novamente?
Manica – Estamos com um faturamento muito bom, uma vez que as commodities seguem em alta no mundo. Projetamos chegar a uma receita de R$ 3,1 bilhões no fim de 2021 – ou seja, uma alta talvez de 25%. Mas pelo ritmo que estou vendo, acho possível irmos além e passar dos 30% de elevação em 2021. Temos um plano ambicioso de fazer a Cotrijal chegar a R$ 4,4 bilhões em receita até 2025, e acredito que vamos conseguir.
JC – Quantos associados tem a cooperativa e como está distribuída sua estrutura?
Manica – São 8 mil associados na atualidade e temos 2 mil colaboradores em nossa área geográfica de atuação. Temos 52 unidades operando em 32 municípios. Queremos ampliar nossa atuação no varejo, com novas lojas e supermercados da Cotrijal. Também vamos aumentar nossa capacidade de recebimento de grãos e ainda a fábrica de ração.
JC – No início deste ano, a Cotrijal mudou a marca. Essa mudança institucional marca o momento positivo da cooperativa?
Manica – A marca, o nome Cotrijal permanece o mesmo, renovamos o design. Ficou mais dinâmica, transmitindo uma segurança maior que é o foco do nosso negócio, composto pela união das pessoas. Queremos que o mercado nos veja assim.
JC – Ano passado, a Cotrijal assinou parceria com a Languiru, de Teutônia, para produzir carne suína e de frango com a marca Cotrijal. Este produto já chegou ao varejo?
Manica – Sim, estamos comercializando frango e alguns cortes de suinocultura com a marca Cotrijal em nossos supermercados. Demorou um pouco porque foi preciso desenvolver as embalagens. Esses produtos marca própria, futuramente, poderão estar em outros supermercados de cooperativas parceiras.
JC – No leite, os associados da Cotrijal fornecem para a CCGL. Qual a importância do leite para a cooperativa?
Manica – O leite é uma atividade de extrema importância. Somos o segundo maior acionista individual da CCGL, que é composta por 16 cooperativas. A CCGL tem uma grande capacidade de produção e é referência em laticínios. Veja, o produtor de leite é um herói. Faça chuva ou sol, dia de semana ou feriado, ele precisa ordenhar a vaca. Não tem uma folga. É uma atividade que, bem gerenciada, pode dar bom resultado, principalmente na agricultura familiar. Infelizmente, muitas vezes o mercado penaliza o produtor. Ele investe em ordenhadeira, em pastagem adequada, em animais, e o preço que ele recebe não cobre nem o custo da atividade. Esse é um grande problema hoje.
JC – Como a terra anda escassa aqui no RS, esses recordes de safra se devem muito à produtividade crescente. Como o senhor avalia o desempenho da Cotrijal?
Manica – É só pegar os números da safra mais recente. Na soja, em média, nosso associado conseguiu 10 sacas a mais que o Estado em geral: 65,4 sacas na Cotrijal contra 55,4 sacas no geral do Estado. Mas veja bem: isso é uma média. Se tem produtor colhendo 65 sacas é porque tem produtos colhendo 80 ou 90 sacas. No milho, foi melhor ainda. A média Cotrijal chegou a 173,3 sacos por hectare, 80 sacos acima da média registrada no Estado, que foi 90,5 sacas por hectare. Só conseguimos isso aumentando a produtividade, porque o Rio Grande do Sul não tem como expandir área plantada mais.
JC – Esse resultado ajuda a minimizar os crescentes custos de produção na lavoura?
Manica – Na Bolsa de Chicago, a valor da soja no mercado internacional teve um aumento de US$ 8 a US$ 10 por bushell para US$ 15, mas os insumos subiram junto. Aqui tivemos uma redução nas chuvas, com alguma consequência no campo. Então o produtor precisa ter atenção, porque o preço da soja cai, mas o do insumo não. Esse custo permanece. Uma coisa é estimar o ganho com a safra cheia. Não queremos frustração lá no fim, após a colheita.
JC – Qual sua expectativa para a Expodireto em 2022, ela irá ocorrer?
Manica – Sim, estamos otimistas, pois acreditamos que a vacinação está avançando. Lá por outubro, quando nos sentarmos para pensar a feira, já teremos um quadro mais definido da vacinação. Temos uma confiança grande na realização da Expodireto em 2022. Inclusive já reforçamos o convite ao presidente da República.
Cotrijal
Fundação e sede: 04/09/1957, em Não-Me-Toque
Receita: R$ 2,47 bilhões em 2020 (alta de 5%)
Sobras: R$ 24,48 milhões em 2020 (crescimento de 53%)
Associados: 8 mil