Produtores rurais da Região Sul, em particular o RS, mas também o sul do MS (ver mapa), atravessam um período extremamente difícil, com um déficit hídrico que se acumula desde junho de 2021.

Produtores rurais da Região Sul, em particular o RS, mas também o sul do MS (ver mapa), atravessam um período extremamente difícil, com um déficit hídrico que se acumula desde junho de 2021, agravado a partir de novembro (veja gráfico que elaboramos, onde a linha preta é a média mensal de 30 anos e a vermelha, a registrada em 2021, para a região NE do RS – Fonte dos dados: CPTEC/INPE).

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Fonte dos dados: CPTEC/INPE

Na região do mapa em tons vermelhos há perda total de lavouras, falta de pasto e muitas propriedades que o volumoso conservado terminou ou está terminando, e até incêndios.

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Com base no que estamos vendo a campo e nos questionamentos que recebemos diariamente, elaboramos um resumo para orientar produtores e técnicos neste momento difícil.

Perguntas e respostas:

1. Não tenho mais pasto nem silagem. O que posso fornecer aos animais?
O alimento sólido principal do ruminante (bovino, ovino, caprino) é fibra vegetal (celulose). Qualquer fibra vegetal que não seja tóxica é potencialmente um alimento. Em condições extremas, os microrganismos do rúmen conseguem transformar até papel em energia para sobrevivência, desde que forneçamos, também, nitrogênio e enxofre (explicado mais abaixo).

Alternativas a serem consideradas:

  • Negociar acesso a áreas de vizinhos com pastos, áreas de banhados, restevas de culturas de inverno que não foram plantadas etc. Mesmo o famigerado capim-annoni será útil neste momento. Barba-de-bode, capim-caninha, não importa.
  • Permitir acesso dos animais aos corredores e estradas locais (usar arame eletrificado para impedir acidentes e atropelamentos e contato com gado vizinho por questões sanitárias). Se necessário, consulte a autoridade responsável.
  • Cuidado!!! As plantas de milho colhidas sem granar, podem ser usadas em qualquer estágio que estiverem, mas faça adaptação dos animais, fornecendo pouco e aumentando a cada dia, pois estarão com altos teores de nitratos.
  • Palha de qualquer cereal de inverno, seja enfardada ou ainda na lavoura é alimento.
  • Galhos de algumas árvores, desde que abundantes em folhas e de espécies seguras. Todos os salsos e o vime são seguros, assim como todos os álamos (não confundir com plátano, este não é recomendado). Aroeiras NÃO. Na dúvida, evitar arbustos e árvores de espécies leitosas ou que produzam resinas, aromas fortes, ou espinhos.

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2. Como e quando devo fornecer esse nitrogênio e enxofre?
Com qualquer fibra de baixa qualidade. No caso do milho planta, se estiver verde, não adicione nitrogênio extra, neste caso.

Palhas, pastos passados, encanados, canas etc. devem receber nitrogênio e enxofre. Para todos os detalhes, clique aqui e baixe o pdf onde explicamos a mistura e quantidades seguras de nitrogênio e enxofre:
3. Qual seria o preço justo para adquirir uma tonelada de um milho que não granou?
Se fosse um caso isolado, a metade do valor de uma silagem boa já seria caro. No entanto, neste momento, vai depender de quão apertado você está e da procura na sua região.

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4. Como posso estimar o rendimento de uma área de milho planta, sem granar? Meu vizinho plantou para grão e está oferecendo. Botou preço na lavoura como está, mas preciso ter uma ideia da quantidade de comida que estarei comprando.
Obtenha o número médio de plantas por metro linear e a distância entrelinhas, em metros. Conte as plantas em 10 metros, dentro da lavoura. Corte umas 3-5 plantas que representem a maioria da lavoura e pese estas plantas. Divida pelo número de plantas para dar kg/planta. O peso normal de um planta granada, bem adubada é 0,9 a 1,1 kg.

O rendimento esperado vai ser: Número de plantas por metro dividido pelo espaçamento em metros x 10.000 x peso médio da planta.

Exemplo: 4 plantas/m; 0,50 m de espaçamento; 0,3 kgMN/planta
Então: 4 / 0,50 = 8 x 10.000 = 80.000 plantas/ha x 0,3 = 24.000 kg de matéria natural/ha
5. Qual a quantidade máxima de grão, concentrado ou “ração” que posso dar para as vacas?
Está difícil a situação: concentrado caríssimo e volumoso faltando! Como regra geral, considere que o limite seguro é 50% do total de MS (matéria seca) ingerida, podendo chegar até 60%. Próximo a 60% já ocorrerão problemas de laminite, acidose e possíveis casos de torção de abomaso, também.
6. Posso usar casca de arroz?
Pode, com restrições. Ela é basicamente celulose, porém rica em oxalatos (o que NÃO é bom). Serve para uma emergência como esta, mas é um alimento de baixíssima qualidade. Não use em outras épocas. Obrigatório o nitrogênio + enxofre explicado no boletim acima.

Importante: em todos os casos citados, faça uma adaptação do rúmen, fornecendo quantidades pequenas no primeiro dia e aumentando até o 5° ou 7° dia.

Nossos sinceros desejos de que todos vocês consigam superar este desafio, com a certeza de que dias melhores virão

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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