Os produtores de leite portugueses sofreram desde o início de 2021 sucessivos aumentos dos custos com a alimentação das vacas leiteiras, sem que ocorresse o correspondente aumento do preço do leite pago ao produtor.

Após sucessivos alertas da APROLEP, o Ministério da Agricultura anunciou a 6 de julho de 2021 que iria apresentar uma “proposta de criação” de uma subcomissão na PARCA-Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar, para “monitorização e análise do setor do leite e produtos lácteos”.  A 3 de setembro, foi anunciada a “criação de uma subcomissão específica do setor do leite e produtos lácteos, com o objetivo elaborar propostas de intervenção que resolvam a crise e os problemas que afetam atualmente os produtores”.

Um ano após termos lançado os primeiros alertas, o prometido relatório foi finalmente divulgado a 21 de janeiro de 2022 e veio confirmar o que tínhamos denunciado: que o preço do leite em Portugal esteve 5 cêntimos/litro abaixo da média da UE em 2021, que houve uma redução de 90% no número de vacarias ao longo de uma década (entre 2009 e 2019) e podemos acrescentar que depois a redução do número de produtores ainda se agravou e os que resistem estão endividados, revoltados e desanimados.

Apesar de nos preocupar a ausência de dados atualizados sobre os aumentos dos custos de produção registados no último ano, consideramos este relatório um importante diagnóstico e um ponto de partida para mudar a realidade atual da crise que atravessamos. A APROLEP está disponível para dar o seu contributo para que este documento seja alvo de estudo, debate, reflexão e base para a tomada de medidas urgentes, que deverão ser rapidamente postas em prática.

Depois de lançarmos no início da campanha eleitoral uma manada de vacas de cartão em Lisboa a denunciar que “os políticos abandonaram os produtores de leite”, esperávamos uma declaração mais concreta do Primeiro-ministro em Vila do Conde, zona da “bacia leiteira”, no dia seguinte à divulgação do relatório. Disse o Dr. António Costa: “Não estamos cá só quando as vacas estão gordas. Estamos cá porque sabemos que para as vacas estarem gordas é preciso alimentar o gado, é preciso acarinhar o gado, é preciso tratar bem o gado para que o gado engorde”. Não era isso que esperávamos ouvir.

O que produtores de leite esperam dos vários candidatos é que, para além das referências ao “gado” e ao gato “Zé Albino”, venham ao terreno visitar vacarias e reunir com os agricultores, que nos digam que já leram ou vão ler o relatório da PARCA, que se informem sobre o custo de “alimentar o gado” e nos apresentem medidas concretas que nos permitam receber um preço justo pelo leite para viver com dignidade.

É urgente que os governantes tenham uma palavra forte junto da indústria e distribuição para um aumento imediato do preço base a pagar ao produtor para acompanhar os custos de produção. É essencial que o novo governo seja capaz de criar rapidamente um “observatório do leite” e um mecanismo capaz de atualizar os contratos e indexar o preço do leite aos custos de produção.

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