“É normal que a baixa [do valor do produto] ocorra mais para o final do ano. Neste momento é um fato anormal”, disse o presidente da entidade, Marcos Tang, em nota divulgada nesta terça-feira (4).
Segundo ele, a recomposição da remuneração ao produtor sempre é lenta, mas o recuo é acentuado. “Quando há alta é em uma velocidade pequena, mas a queda é vertiginosa na hora de baixar. Com isso, a subtração do valor pago ao produtor faz com que ele não feche a conta no fim do mês.”
Ainda de acordo com Tang, em junho e julho, o produtor pôde fazer um pequeno caixa, depois de três anos de prejuízos com estiagens. “Porém, com a baixa em agosto, ele não tem mais caixa para pagar as contas que precisou fazer acima do orçamento anual planejado para comprar alimento para o gado. Portanto, agora que ele poderia ter uma remuneração, isso não aconteceu, o que não tem cabimento.”
Na avaliação de Tang, o ônus do mercado recaiu apenas sobre o produtor, mas deveria ser dividido entre todos os elos da cadeia produtiva. “O consumidor pagou alto pelo leite por muito tempo, e o preço demorou a reagir para o produtor. Agora o preço caiu nos mercados e a baixa foi repassada de imediato para o produtor.”
Tang assinala ainda que o produtor está sendo massacrado em um momento em que a cadeia está fragilizada, com perspectivas pouco animadoras. “As indústrias determinam os preços pagos pela matéria-prima e apenas informam o valor ao produtor, que é obrigado a entregar o produto por um preço menor.”
O dirigente da associação ressalta também que as importações de leite em grandes volumes, especialmente da Argentina e do Uruguai, desestimulam a produção nacional:
“[A importação] pode resolver o problema momentâneo de mercado, mas a que custo? O de criarmos um grande problema de abandono da atividade e de êxodo rural. Por isso, falo que é uma questão de soberania nacional manter o nosso produtor na atividade e alertamos as autoridades sobre essa importação desenfreada de leite da Argentina e do Uruguai.”