O preço do leite captado em outubro e pago aos produtores em novembro foi de R$ 2,6967/litro na “Média Brasil” líquida, recuo de 5,3% em relação ao mês anterior.
E pesquisas ainda em andamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) apontam para novo recuo – acima dos 5% – para o preço do leite captado em novembro e pago ao produtor em dezembro. Mesmo assim, a pevisão é de que 2022 se encerre com média anual cerca de 13% acima da registrada em 2021, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de nov/22).
Assim como em 2021, a oferta limitada foi o fator decisivo na precificação do leite ao produtor em 2022. A diminuição da produção no campo em 2022, por sua vez, é explicada pela combinação de um contexto persistente de alta nos custos de produção e clima desfavorável, por conta do fenômeno climático La Niña.
A seca intensa durante o segundo trimestre e início do terceiro trimestre prejudicaram a alimentação animal, agravando o efeito sazonal negativo sobre a produção. Além disso, os insumos mais caros desde 2019 e o estreitamento das margens desde então fizeram com que muitos produtores deixassem a atividade, especialmente em 2021. E os pecuaristas que permaneceram realizaram menos investimentos de médio a longo prazo. Isso se traduziu numa mudança na estrutura produtiva, com perda no potencial de oferta.
Segundo pesquisa do Cepea, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 3,1% de janeiro a novembro de 2022 na “Média Brasil”. Porém, o aumento do preço do leite no campo proporcionou melhoria no poder de compra do pecuarista em 2022: na média de janeiro a novembro, foram necessários 34,2 litros de leite para a aquisição de uma saca de milho de 60 kg, contra 42,6 litros no mesmo período do ano anterior, ou seja, recuperação de 19,7% no poder de compra do produtor. Ainda assim, é preciso lembrar que todo o ganho em rentabilidade ocorreu devido à alta expressiva das cotações do leite e não ao recuo no patamar de custos da atividade.
Com menor produção no campo, a disputa entre laticínios por produtores de leite se manteve acirrada em 2022, sustentando as cotações em patamares elevados, sobretudo entre maio e julho – período de entressafra, quando houve queda brusca tanto na captação de leite quanto nos estoques de lácteos.
Com matéria-prima mais cara, os preços dos derivados lácteos também subiram e ficaram acima do patamar observado em 2021. A pesquisa do Cepea realizada com o apoio da OCB mostra que, de janeiro a novembro, os preços médios do leite longa vida (UHT), do queijo muçarela e do leite em pó fracionado (400 g), negociados entre indústrias e canais de distribuição paulistas, tiveram respectivas altas reais de 24,5%, de 15,7% e de 14,5% frente aos de 2021 (dados foram deflacionados pelo IPCA de novembro/22).
A menor disponibilidade interna de lácteos levou à diminuição de exportações e ao aumento de importações em 2022. Dados da Secex mostram que, de janeiro a novembro, o Brasil exportou quase 124,9 litros em equivalente leite, 15,4% a menos que em 2021, ao mesmo tempo que importou 1,179 bilhão de litros em equivalente leite, alta de 21,4% frente ao ano anterior.