A aplicação da tecnologia nas fazendas por meio de algoritmos e processamento de dados são fatores que determinarão o futuro da pecuária e da medicina veterinária com o objetivo de melhorar a rentabilidade das fazendas, favorecer o bem-estar animal, proteger o meio ambiente e também garantir a saúde humana.
O XXV Congresso ANEMBE de Medicina Bovina foi realizado em León e contou com a participação de milhares de pessoas durante três dias, nos quais veterinários e empresas do setor apresentaram as principais inovações em aplicações tecnológicas no campo da pecuária.
O diretor da Unidade de Ruminantes da MSD Saúde Animal, Ángel Revilla, explicou à EFE que se tratou de um evento em que se discutiu a inovação e a tecnologia para “preparar o veterinário 4.0”, pois “ele não pode ficar atrás dos avanços de hoje”.
“A modernização das fazendas é fundamental para continuar a ter uma produção líder como a da Espanha no momento”, alertou.
Da mesma forma que há 35 anos a inseminação artificial em gado foi “uma revolução”, hoje o monitoramento animal é “o futuro tornado presente”, um mecanismo que “verifica toda a atividade do animal” que é transformada em informação por algoritmos.
“Se você não tem dados, o que você tem é opinião. Se você tem dados, você tem informações e a capacidade de tomar decisões”, disse Revilla.
Ele especificou que o que esse algoritmo e o processamento de informações permitem é “otimizar as fazendas de gado” para alcançar “algo que vai além da otimização da produção”, reduzindo a porcentagem de perdas de gado devido a doenças ou otimizando a produção de leite.
Com dados como temperatura dos animais, tempo de ruminação, períodos de lactação ou monitoramento do cio, entre outros, também é possível melhorar o bem-estar dos animais, antecipar o aparecimento de doenças ou aplicar as melhores soluções veterinárias que evitem procedimentos que gerem estresse, além de ter um impacto positivo no meio ambiente ao favorecer a redução da pegada de carbono ou das emissões de metano.
Mas também tem um impacto direto na saúde humana porque, como explicou o diretor da Unidade de Ruminantes da MSD Saúde Animal, a proteína animal “é fundamental para o desenvolvimento da população”, portanto, todas as informações obtidas diretamente das vacas “possibilitam o controle de doenças que podem ser transferidas para as pessoas”.
“Há exemplos muito recentes que não precisam ser mencionados”, disse Revilla em referência à pandemia de Covid-19, um vírus de origem zoonótica, ou seja, que se originou em um animal e saltou para os seres humanos, tornando a tecnologia nesse ponto “uma necessidade para garantir a saúde das pessoas”.
Mas a aplicação da inovação também beneficia o meio ambiente, pois essa análise de dados “vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana” permite a “tomada de decisões” para reduzir a pegada de carbono ou as emissões de metano.
Isso é o que se conhece como One Health, um conceito que busca reunir todas as ações que combinam saúde animal, ambiental e humana em uma única filosofia, com base no clássico lema veterinário “Higia pecoris, salus populi”, ou seja, “a higiene animal é a saúde do povo”.
De agora em diante, de acordo com Revilla, o futuro mais imediato em termos de inovação e tecnologia na fazenda é “conectar” o monitoramento com outras áreas, como máquinas de alimentação ou de ordenha, para “poder otimizar ainda mais e aprender mais sobre os rendimentos a fim de melhorar a eficiência”.
“Tenho certeza de que ainda há um longo caminho a percorrer”, disse o especialista que, no entanto, está ciente de que o “investimento é importante” e que, embora produza um “retorno muito rápido”, é uma questão que “ainda é um esforço que custa ao fazendeiro”.
Mesmo assim, ele alertou que “daqui a três ou cinco anos, as fazendas que não estiverem usando esse tipo de tecnologia não existirão”.
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