Este ano muito se falou sobre a exportação de lácteos, inclusive, nos últimos meses, notícias animaram o setor.
A primeira delas, que gerou discussões, foi o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Apesar de existir a possibilidade de importação do produto europeu, o fato da exportação para o bloco (UE) serviria como uma “vitrine” para outros mercados e poderia abrir portas para os produtos lácteos brasileiros.
Além disso, visto o reconhecimento que nossos produtos, queijos principalmente, têm tido em concursos e torneios na Europa e em outras partes do mundo, promoveria a exportação.
A segunda boa notícia foi a habilitação de 24 laticínios para a exportação de lácteos para a China. A China é a maior importadora mundial de produtos lácteos, principalmente leite em pó e fórmulas infantis, o que abre espaço para que o Brasil tenha uma via de escoamento para sua produção permitindo uma maior regulação dos estoques no mercado doméstico, especialmente em momentos de excesso de oferta e baixa de preços (segundo semestre e safra, por exemplo).
Utilizando os número de consumo do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e o da população chinesa (FAO), temos que o consumo de leite fluído na China em 2018 foi de 23,2 litros per capita por ano, o equivalente a 0,45 litros por semana, isso representa um pouco mais de dois copos de 200ml a cada sete dias, o que evidencia o potencial de crescimento deste mercado.
Para o leite em pó (integral e desnatado), o consumo em 2018 foi de 1,4 quilos por habitante por ano. Desde 2008 o consumo cresceu 78,6%.
As plantas habilitadas a exportar para a China estão assim localizadas (figura 1).
Figura 1.
Localização dos laticínios habilitados a exportar para a China.
Fonte: Mapa / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
A terceira notícia foi a abertura do mercado egípcio para os produtos lácteos brasileiros. Segundo o Ministério da Agricultura, o potencial de negócios com o Egito é de US$8 bilhões em dez anos.
E como está a exportação este ano?
Até setembro (últimos dados disponíveis), o embarque de produtos lácteos somou 17,4 mil toneladas (MDIC). Na comparação com igual período de 2018, houve um aumento de 13% no volume embarcado.
O faturamento ficou praticamente estável, em US$39,96 milhões.
Tabela 1.
Faturamento e volume por mês em 2019 e variação em relação a 2018.
Mês | Faturamento (US$) | Volume (kg) | Variação do faturamento em relação a 2018 |
Variação do volume em relação a 2018 |
---|---|---|---|---|
janeiro | 4.476.512 | 1.691.299 | -15,9% | -17,4% |
fevereiro | 4.845.210 | 2.329.187 | -13,0% | 2,9% |
março | 6.561.070 | 2.896.569 | 3,6% | 30,0% |
abril | 3.897.471 | 1.660.522 | 9,3% | 23,6% |
maio | 4.375.560 | 1.952.934 | 145,4% | 174,2% |
junho | 3.487.560 | 1.488.790 | 8,7% | 42,9% |
julho | 3.849.845 | 1.741.968 | 37,7% | 54,6% |
agosto | 4.074.420 | 1.801.539 | -20,7% | -10,7% |
setembro | 4.391.305 | 1.877.618 | -30,0% | -29,2% |
Fonte: MDIC / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Em 2018, o Brasil exportou para 58 países e em 2019 já foram 90, até setembro.
Considerações finais
As expectativas são positivas para as exportações em 2020. Para tanto, ainda é necessário que as adequações da cadeia produtiva e as negociações sejam terminadas.
No entanto, cabe a ressalva que apesar de crescente a produção brasileira de leite (matéria-prima) este ano, a produção deve melhorar sempre seus parâmetros de qualidade buscando novos mercados.
Para 2020, porém, a conjuntura não deverá ser diferente no que diz respeito à balança comercial do leite, e a projeção é que ela continue negativa.