Um aposta certeira traz ganhos para o produtor de carne e leite Os produtores de gado leiteiro e de corte estão na fase da escolha do capim.
A intensificacao do sistema produtivo comeca pela escolha do capim

Um aposta certeira traz ganhos para o produtor de carne e leite Os produtores de gado leiteiro e de corte estão na fase da escolha do capim. A época de plantio para implantação de pastagens é ampla, vai desde as primeiras chuvas, setembro e outubro, até março, dependendo da região. Quanto antes se planejar, melhores resultados na implantação da pastagem, com bom estabelecimento, desenvolvimento, cobertura de solo e produção animal, o produtor terá. Segundo estudos da Embrapa é possível elevar de seis a oito vezes a capacidade produtividade da pastagem com estratégias adequadas. O primeiro passo é intensificar a produção adotando um dos vários modelos intensivos existentes no Brasil. Um deles é a combinação de tecnologias para uso no período das águas e da seca. Baseado em resultados de pesquisa, na Embrapa Gado de Corte, com a adoção da proposta “a lotação da propriedade sai de uma média de 0,9 para 2,8 arroba/hectare/ano, com produção ao redor de 1.000/1.050 kg de peso vivo/hectare/ano, refletido em 530 kg de equivalente de carcaça, com redução na idade de abate, entre 20 e 24 meses a pasto”, revela o pesquisador Rodrigo Barbosa (Campo Grande-MS). Para as águas, o especialista em manejo de pastagem, afirma que a estratégia é identificar o tamanho da área a ser intensificada, os materiais com potencial produtivo para esse modelo e a adubação correta. Ele lembra que uma análise de solo eficiente determina o potencial produtivo durante o período das águas, e a adubação determina a velocidade de crescimento da planta e de utilização, o que reflete no produto final. Já para o período seco, a recomendação é a vedação do pasto, com plantas de florescimento precoce, preferencialmente, e que tenha capacidade produtiva no período das chuvas. Outro ponto é a época para vedação de pasto, entre janeiro e marco, para utilização na seca. Por fim, escolher o tipo de suplementação (proteinada, confinamento, semi), que depende do sistema produtivo da propriedade, e pode ser usado com o pasto vedado. Resultados em produção leiteira Os índices positivos também são evidentes na produção de gado de leite. Em experimentos na Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), a escolha pela BRS Paiaguás, em pastejo rotacionado, “conseguiu trabalhar com até 7 vacas/hectare, no período chuvoso, produzindo 13-14 litros/vaca e produção diária em torno de 100 litros/hectare/dia, entrando bem na entressafra, e diminuindo o uso de concentrados, o que impacta nos custos”, conta o pesquisador Carlos Gomide. A tolerância ao período seco da cultivar é um de seus diferenciais. Em ensaios na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), José Ricardo Pezzopane e André Novo utilizaram a BRS Paiaguás em produção leiteira, em modalidades de integração. Na opção BRS Paiaguás com milho + eucalipto para produção de silagem (milho), “produzimos cerca de 57 a 60 toneladas de matéria verde de silagem por hectare, o que pagou a implantação do sistema (plantio de arvores e pasto). Apontamos como vantagens não somente esse pagamento da implantação, mas as árvores proporcionaram diversificação de renda para o produtor e promovem benefícios aos animais, além de aumentar o sequestro de carbono.” Os resultados são otimistas, igualmente, quando a opção é a BRS Quênia, cultivar de panicum maximum, com taxa de lotação ao redor de 10 vacas/hectare, 15 litros/vacas/dia e 145 litros/hectare/dia. A “maior facilidade de manejo, devido ao porte intermediário, e o maior valor nutritivo, são pontos a considerar quando se pensa em intensificar”, aponta Gomide. Outro panicum com desempenho considerável é a BRS Zuri, “gramínea com diferencial, potencial produtivo e adequada para sistemas intensivos de produção animal”, afirma Domingos Paciullo, pesquisador da Embrapa (Juiz de Fora-MG). Nos ensaios a campo, para produção de leite, se obteve até 10 vacas por hectare, em torno de 13-15 kg/vaca/dia e uma produção por área de 140 kg/leite/hectare. Na Amazônia O capim Zuri ainda apresenta índices inspiradores no bioma amazônico, que representa 30% do rebanho bovino brasileiro, e ao longo das últimas décadas, com investimento e pesquisa, modernizou-se. Características como produtividade, vigor, capacidade de suporte, ganho de peso e tolerância ao encharcamento levaram esse panicum maximum ao solo amazônico. Carlos Maurício de Andrade, pesquisador da Embrapa (Rio Branco-AC), comenta que “no Acre, novilhas cruzadas em pasto de Zuri teve ganho de peso entre 520 e 540 gramas/dia, ao longo de dois anos de experimentos na Embrapa Acre, somente com suplementação mineral. A boa tolerância ao encharcamento – não alagamento – para a Amazônia, clima equatorial quente e úmido, com estação chuvosa intensa e prolongada, traz a BRS Zuri com excelente aceitação e números entre os produtores.” Implantação da pastagem Para chegar aos índices revelados pelos pesquisadores, a implantação da pastagem é ponto-chave, assim como a qualidade da semente. Para a implantação, o pesquisador Ademir Zimmer elenca fatores que o produtor precisa observar, como escolha da forrageira, adaptada para os solos da propriedade; preparo de solo; época de semeadura; taxa de semeadura; plantio e profundidade de plantio. Por exemplo, a profundidade de semeadura recomendada para “panicuns é de 2 a 5 cm e para braquiária, entre 3 e 6 cm. As sementes incorporadas nesta profundidade terão melhor contato com a umidade, com o solo, rápida emergência e estabelecimento e isso faz toda diferença”. “Os atributos da semente, o preparo e os cuidados com a semeadura vão formar, adequadamente, a pastagem e a produtividade, afetando todo o sistema de produção e, infelizmente, as sementes comercializadas no País ainda são de baixa qualidade. É uma questão cultural, a qualidade e a pirataria”, completa Jaqueline Verzignassi, especialista em tecnologia de sementes de forrageiras tropicais da Embrapa. Verzignassi e Zimmer enfatizam que as pastagens precisam ser tratadas como uma cultura e isso exige cuidados semelhantes. No combate a essa qualidade inferior e pirataria, a Unipasto (Associação para Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras) lançou uma plataforma para rastreabilidade segura de sementes, baseada em um aplicativo e um selo de segurança aplicado à sacaria. A Semente Legal, parceria com a Ceptis Agro, segundo Marcos Roveri, gerente-executivo da Unipasto, chegou para coibir a pirataria de sementes, mostrando para os agropecuaristas os materiais produzidos conforme as regras, as normativas, com qualidade e avaliação adequadas, oferecendo segurança ao produtor na hora da compra. A Embrapa e a Unipasto são parceiras no desenvolvimento de cultivares forrageiras desde 2002. Prestes a completar 20 anos, o convênio já lançou três braquiárias, três panicuns e um feijão-guandu, o que permitiu a diversificação dos pastos brasileiros e a melhoria da produtividade. Na última sexta-feira, as duas empresas reuniram especialistas para o primeiro Dia de Campo Virtual – produção intensiva de leite e carne em pasto (8). As Unidades – Acre, Agrossilvipastoril, Cerrados, Gado de Leite, Gado de Corte, Pecuária Sudeste – e a Secretaria de Inovação e Negócios (SIN) trouxeram os mais recentes resultados das pesquisas e apresentaram para o público como é possível diminuir o risco de ter uma única cultivar de pastagem, ‘quase como monocultura’.

Foto: Breno Lobato

Breno Lobato - BRS Paiaguás, tolerância ao período seco da cultivar é um diferencial.

BRS Paiaguás, tolerância ao período seco da cultivar é um diferencial.

Um aposta certeira traz ganhos para o produtor de carne e leite

Os produtores de gado leiteiro e de corte estão na fase da escolha do capim. A época de plantio para implantação de pastagens é ampla, vai desde as primeiras chuvas, setembro e outubro, até março, dependendo da região. Quanto antes se planejar, melhores resultados na implantação da pastagem, com bom estabelecimento, desenvolvimento, cobertura de solo e produção animal, o produtor terá.

Segundo estudos da Embrapa é possível elevar de seis a oito vezes a capacidade produtividade da pastagem com estratégias adequadas. O primeiro passo é intensificar a produção adotando um dos vários modelos intensivos existentes no Brasil. Um deles é a combinação de tecnologias para uso no período das águas e da seca.

Baseado em resultados de pesquisa, na Embrapa Gado de Corte, com a adoção da proposta “a lotação da propriedade sai de uma média de 0,9 para 2,8 arroba/hectare/ano, com produção ao redor de 1.000/1.050 kg de peso vivo/hectare/ano, refletido em 530 kg de equivalente de carcaça, com redução na idade de abate, entre 20 e 24 meses a pasto”, revela o pesquisador Rodrigo Barbosa (Campo Grande-MS).

Para as águas, o especialista em manejo de pastagem, afirma que a estratégia é identificar o tamanho da área a ser intensificada, os materiais com potencial produtivo para esse modelo e a adubação correta. Ele lembra que uma análise de solo eficiente determina o potencial produtivo durante o período das águas, e a adubação determina a velocidade de crescimento da planta e de utilização, o que reflete no produto final.

Já para o período seco, a recomendação é a vedação do pasto, com plantas de florescimento precoce, preferencialmente, e que tenha capacidade produtiva no período das chuvas. Outro ponto é a época para vedação de pasto, entre janeiro e marco, para utilização na seca. Por fim, escolher o tipo de suplementação (proteinada, confinamento, semi), que depende do sistema produtivo da propriedade, e pode ser usado com o pasto vedado.

 

Resultados em produção leiteira

Os índices positivos também são evidentes na produção de gado de leite. Em experimentos na Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), a escolha pela BRS Paiaguás, em pastejo rotacionado, “conseguiu trabalhar com até 7 vacas/hectare, no período chuvoso, produzindo 13-14 litros/vaca e produção diária em torno de 100 litros/hectare/dia, entrando bem na entressafra, e diminuindo o uso de concentrados, o que impacta nos custos”, conta o pesquisador Carlos Gomide. A tolerância ao período seco da cultivar é um de seus diferenciais.

Em ensaios na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), José Ricardo Pezzopane e André Novo utilizaram a BRS Paiaguás em produção leiteira, em modalidades de integração. Na opção BRS Paiaguás com milho + eucalipto para produção de silagem (milho), “produzimos cerca de 57 a 60 toneladas de matéria verde de silagem por hectare, o que pagou a implantação do sistema (plantio de arvores e pasto). Apontamos como vantagens não somente esse pagamento da implantação, mas as árvores proporcionaram diversificação de renda para o produtor e promovem benefícios aos animais, além de aumentar o sequestro de carbono.”

Os resultados são otimistas, igualmente, quando a opção é a BRS Quênia, cultivar de panicum maximum, com taxa de lotação ao redor de 10 vacas/hectare, 15 litros/vacas/dia e 145 litros/hectare/dia. A “maior facilidade de manejo, devido ao porte intermediário, e o maior valor nutritivo, são pontos a considerar quando se pensa em intensificar”, aponta Gomide.

Outro panicum com desempenho considerável é a BRS Zuri, “gramínea com diferencial, potencial produtivo e adequada para sistemas intensivos de produção animal”, afirma Domingos Paciullo, pesquisador da Embrapa (Juiz de Fora-MG). Nos ensaios a campo, para produção de leite, se obteve até 10 vacas por hectare, em torno de 13-15 kg/vaca/dia e uma produção por área de 140 kg/leite/hectare.

 

Na Amazônia

O capim Zuri ainda apresenta índices inspiradores no bioma amazônico, que representa 30% do rebanho bovino brasileiro, e ao longo das últimas décadas, com investimento e pesquisa, modernizou-se. Características como produtividade, vigor, capacidade de suporte, ganho de peso e tolerância ao encharcamento levaram esse panicum maximum ao solo amazônico.

Carlos Maurício de Andrade, pesquisador da Embrapa (Rio Branco-AC), comenta que “no Acre, novilhas cruzadas em pasto de Zuri teve ganho de peso entre 520 e 540 gramas/dia, ao longo de dois anos de experimentos na Embrapa Acre, somente com suplementação mineral. A boa tolerância ao encharcamento – não alagamento – para a Amazônia, clima equatorial quente e úmido, com estação chuvosa intensa e prolongada, traz a BRS Zuri com excelente aceitação e números entre os produtores.”

 

Implantação da pastagem

Para chegar aos índices revelados pelos pesquisadores, a implantação da pastagem é ponto-chave, assim como a qualidade da semente. Para a implantação, o pesquisador Ademir Zimmer elenca fatores que o produtor precisa observar, como escolha da forrageira, adaptada para os solos da propriedade; preparo de solo; época de semeadura; taxa de semeadura; plantio e profundidade de plantio. Por exemplo, a profundidade de semeadura recomendada para “panicuns é de 2 a 5 cm e para braquiária, entre 3 e 6 cm. As sementes incorporadas nesta profundidade terão melhor contato com a umidade, com o solo, rápida emergência e estabelecimento e isso faz toda diferença”.

“Os atributos da semente, o preparo e os cuidados com a semeadura vão formar, adequadamente, a pastagem e a produtividade, afetando todo o sistema de produção e, infelizmente, as sementes comercializadas no País ainda são de baixa qualidade. É uma questão cultural, a qualidade e a pirataria”, completa Jaqueline Verzignassi, especialista em tecnologia de sementes de forrageiras tropicais da Embrapa. Verzignassi e Zimmer enfatizam que as pastagens precisam ser tratadas como uma cultura e isso exige cuidados semelhantes.

No combate a essa qualidade inferior e pirataria, a Unipasto (Associação para Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras) lançou uma plataforma para rastreabilidade segura de sementes, baseada em um aplicativo e um selo de segurança aplicado à sacaria. A Semente Legal, parceria com a Ceptis Agro, segundo Marcos Roveri, gerente-executivo da Unipasto, chegou para coibir a pirataria de sementes, mostrando para os agropecuaristas os materiais produzidos conforme as regras, as normativas, com qualidade e avaliação adequadas, oferecendo segurança ao produtor na hora da compra.

A Embrapa e a Unipasto são parceiras no desenvolvimento de cultivares forrageiras desde 2002. Prestes a completar 20 anos, o convênio já lançou três braquiárias, três panicuns e um feijão-guandu, o que permitiu a diversificação dos pastos brasileiros e a melhoria da produtividade. Na última sexta-feira, as duas empresas reuniram especialistas para o primeiro Dia de Campo Virtual – produção intensiva de leite e carne em pasto (8). As Unidades – Acre, AgrossilvipastorilCerrados, Gado de Leite, Gado de Corte, Pecuária Sudeste – e a Secretaria de Inovação e Negócios (SIN) trouxeram os mais recentes resultados das pesquisas e apresentaram para o público como é possível diminuir o risco de ter uma única cultivar de pastagem, ‘quase como monocultura’.

 

Foram importados 209,5 milhões de litros em equivalente leite em novembro. As aquisições de leites em pó, que representam 67,3% do total, subiram 1,39%, chegando a quase 141 milhões de litros.

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