A Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite) publicou nota pública nesta sexta-feira, 6, pedindo que o governo federal implemente uma intervenção temporária nas importações de lácteos. A ação classificada como urgente seria justificada em razão de significativas importações de produtos da categoria realizadas nos últimos meses.
“Dados da Secex mostram que o volume importado no segundo trimestre de 2020 foi 62,8% maior que no mesmo período do ano anterior. Já em setembro, a importação foi 80% superior a 2019 e outubro deve bater o recorde de leite importado desde 2007”, informou a entidade na nota.
A Abraleite argumenta que o momento é extremamente delicado para o setor nacional de leite e derivados, com aumento de custos dos principais insumos, especialmente os alimentos concentrados.
“O Cepea [Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada] aponta para o maior valor nominal da saca de milho desde 2004 e, para o farelo de soja, os preços da primeira quinzena de outubro superam em expressivos 84,6% o valor do mesmo mês em 2019”, diz o texto.
A nota informa ainda que a valorização do leite nos últimos meses teria sido fundamental para equilibrar a relação de troca com esses insumos. “Porém a queda recente do preço pago ao produtor inviabiliza a produção de leite e causa impactos financeiros irreversíveis aos produtores rurais”.
O comunicado diz também que está sendo criada a “tempestade perfeita” para o desmonte na cadeia pecuária de leite. Os motivos que levariam a isso seriam a “oferta artificial excessiva” de leite importado, a queda de renda do consumidor com a redução do auxílio governamental, o aumento de impostos e a alta do valor dos insumos.
Alta dos insumos
Também nesta sexta, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) protocolou ofício junto ao Ministério da Agricultura solicitando medidas para conter a alta dos custos na pecuária leiteira.
No documento, a exemplo da Abraleite, a entidade ressalta que a maior preocupação é com o valor da ração concentrada, que representaria, em média, 40% dos desembolsos do produtor de leite.