Após duas décadas sem exportar nenhum tipo de leite para a China, o Brasil enviou um lote experimental com vários tipos de leite em pó ao país asiático, no começo deste mês.
Fonte: max global marketing

Após duas décadas sem exportar nenhum tipo de leite para a China, o Brasil enviou um lote experimental com vários tipos de leite em pó ao país asiático, no começo deste mês. O leite foi negociado pela Central Cooperativa Gaúcha Ltda (CCGL), de Cruz Alta (RS), que tem cerca de 3.500 cooperados, e pode representar a reabertura do mercado chinês para o produto nacional.

Caio Viana, presidente da CCGL, contou que esse primeiro envio foi uma pequena amostra, de cerca de 40 quilos. Foram enviados leite em pó integral, desnatado, semidesnatado e zero lactose. A ideia é que abra caminhos para exportações de verdade. Segundo o executivo, já existe negociação para o embarque de dois contêineres de leite para os próximos meses.

A CCGL é um dos grupos que obtiveram habilitação para exportar leite para a China, a partir de 2019. Outros 33 laticínios brasileiros também têm o aval, mas as exportações não ocorriam, segundo a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA), porque a China tem elevados padrões de qualidade para o produto e nào havia fiscalização suficiente para finalizar as negociações entre os dois países.

Viana contou que para conseguir enviar o lote a CCGL precisou cumprir burocracias e adequar medidas sanitárias, como estabelecer um sistema de rastreabilidade de ponta a ponta da cadeia leiteira (mostrar todo o trajeto do produto, da fazenda ao processamento da indústria) e identificar individualmente cada produto em documentos de exportação.

“Agora, esperamos que esse primeiro lote seja apenas o que vai abrir as portas do imenso mercado asiático para o setor de leite no Brasil”, disse.

De acordo com ele, além das questões sanitárias, outro entrave para a exportação é a tributação: para exportar leite para a China, o Brasil paga 10% de tarifa, enquanto a Nova Zelândia, que é o país que mais vende leite aos chineses, paga 4% e, a partir de 2022, terá tarifa zero para inserir o seu produto no mercado chinês.

Geraldo Borges, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), explicou que, ainda que o lote exportado a China pela CCGL tenha sido pequeno e que as questões tributárias ainda precisem ser trabalhadas em acordos bilaterais, trata-se de uma negociação que tem um simbolismo positivo para a cadeia do leite brasileiro.

“Com esse negócio, certamente a China comprovará a qualidade e a segurança do nosso leite, e isso pode significar novos embarques e a aproximação com novos mercados”, disse.

Desde 2019, as entidades representativas da pecuária leiteira (Abraleite e Viva Lácteos), a CNA e a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) tentam negociar o leite brasileiro com a China.

No ano passado, segundo a China Dairy Association, a produção de leite no país foi de 3,9 milhões de toneladas, volume que supre 70% da demanda local.

No ano passado, o Brasil exportou 28,9 milhões de toneladas de leite, conforme dados da Secretaria de Comercio Exterior (Secex). Os principais destinos foram a Argélia, Venezuela, Estados Unidos, Argentina e Uruguai.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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