A disponibilidade de matéria-prima [leite] deve permanecer limitada em 2021, especialmente no primeiro trimestre do ano, com volumes de leite abaixo da média registrada para o mesmo período de 2020. Esse cenário se deve ao clima desfavorável no ano passado (tempo seco e temperaturas elevadas, que prejudicaram as pastagens) e ao aumento contínuo nos custos de produção (os valores dos dois principais componentes da ração, o milho e o farelo de soja, atingiram patamares recordes).
Do lado da demanda, a limitação na oferta deve manter elevada a competição entre laticínios na compra de leite para repor estoques. Nesse cenário, os preços do leite pagos aos produtores – ao menos no primeiro trimestre de 2021 – podem se manter firmes e, portanto, bem acima dos verificados no mesmo período de 2020 (quando a média foi de R$ 1,4655/litro, em termos reais – deflacionados pelo IPCA de dezembro/20). Vale lembrar que, em dezembro/20, o preço do leite pago ao produtor pela matéria-prima entregue em novembro foi de R$ 2,1262/litros na “Média Brasil” líquida, em valores reais.
Olhando para a ponta final da cadeia produtiva, a redução da demanda agregada e a perda do poder de consumo do brasileiro – devido à pandemia, ao fim do auxílio emergencial e à alta do desemprego – devem continuar desacelerando o consumo de lácteos. Esse cenário, por sua vez, tende a pressionar as indústrias a diminuírem os patamares médios anuais de preços do leite pagos aos produtores. Contudo, no encerramento de 2020, as cotações dos derivados lácteos ainda registraram médias elevadas em comparação com o mesmo período de 2019. Em dezembro/20, o preço médio do leite longa vida atingiu R$ 3,23/litro, 28% acima do registrado em dezembro/19, em termos reais.
PREÇOS DEZ/20 (CEPEA)
CUSTOS DE PRODUÇÃO
Por mais um ano, os custos de produção devem ser um grande gargalo ao pecuarista leiteiro. Isso porque os preços do milho e do farelo de soja devem se manter altos em 2021, sustentados pelas aquecidas demandas interna e externa por esses grãos. Diante disso, o poder de compra de pecuaristas frente a esses insumos de alimentação pode cair e dificultar possíveis incrementos na produção.