O mercado de bovinos de cria (bezerros) deve se manter valorizado por um bom tempo, avaliou há pouco o analista do setor de pecuária Hyberville Netto, da Scot Consultoria, em live promovida ontem à noite (15), pela própria empresa, com o tema “Mercado sem rodeios – Expectativas para os mercados do boi, leite e insumos no final de 2020”. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço médio do bezerro nelore (de 8 a 12 meses) comercializado em São Paulo foi de R$ 2.134,88, recorde real da série deste animal, iniciada em 1994.
“É difícil pensar que o preço do bezerro vá cair de forma acentuada no curto prazo, mesmo com todo o investimento que o pecuarista tem feito em gado de reposição (em função dos preços recordes do bezerro, que estimula a retenção de fêmeas para procriar)”, disse o analista. Para ele, mesmo que haja uma quantidade maior de bezerros no curto e médio prazos, há um fator importante que é a recuperação do consumo interno de carne bovina, “que não veio”. Desta forma, com a expectativa de a população voltar a consumir mais a proteína vermelha, à medida que a crise econômica se arrefecer, os bezerros adicionais que serão produzidos terão demanda certa – como bois de corte, mais à frente.
“Além disso, a China deve continuar com compras fortes de carne bovina por causa da crise sanitária de peste suína africana (PSA) no país”, disse. A China perdeu pelo menos 40% de seu plantel de suínos por causa da doença, o que a obrigou, desde o ano passado, a importar volumes crescentes de proteína animal – principalmente carnes bovina e suína. “E a China só compra animais jovens, de até 30 meses de idade”, assinalou Hyberville Netto. “Isso faz com que a cadeia pecuária gire mais rapidamente, mantendo forte a demanda por bezerros e, consequentemente, sua valorização, mesmo com maior oferta.”