Os dados preliminares da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE para o primeiro trimestre de 2022, divulgados nesta quinta-feira (12/05) apontam um volume total de leite captado de aproximadamente 5,9 bilhões de litros, uma queda de 10,51% na captação de leite cru resfriado, em relação ao mesmo período de 2021, que registrou um volume total de 6,6 bilhões, como mostra o gráfico 1.
Gráfico 1. Captação formal: Variação em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (T1 2022 x T1 2021).
Historicamente, ocorre uma queda na captação de leite entre o último trimestre do ano e o primeiro trimestre do ano seguinte, devido a sazonalidade de produção. Porém, no ano de 2022 esta queda foi a maior já registrada na série histórica, desde 1997. O recuo foi de -8,9%, conforme podemos observar no gráfico a seguir.
Gráfico 2. Captação formal: Variação em relação ao trimestre anterior (T1 2022 x T4 2021).
Gráfico 3. Receita Menos Custo de Ração (RMCR)
Além disso, a conjuntura econômica, com aumento da inflação aos consumidores e queda no rendimento das famílias, comprometeu fortemente o poder de compra da população no final de 2021. Este cenário impediu o aumento dos preços dos lácteos na mesma proporção ao aumento dos custos de produção, o que desestimulou os produtores de leite na reta final de 2021 e início de 2022.
Gráfico 4. Rendimento Médio do Trabalho.
Outro ponto que contribuiu para a queda na captação de leite foram os efeitos climáticos adversos enfrentados no segundo semestre de 2021, influenciados pelo fenômeno La Niña, que prejudicaram a safra do sul do Brasil, e impactaram na qualidade do alimento dos animais que estão sendo utilizados atualmente, prejudicando a produção.
Sendo assim, o ano de 2022 inicia-se bem negativo do lado da oferta de leite, com uma disponibilidade prejudicada devido a menor captação neste início de ano, conforme indicado pelo IBGE. A tendência para os próximos meses ainda é de uma oferta baixa e para o 2º trimestre deste ano provavelmente veremos um novo recuo da produção no comparativo anual.