Localizado em Castro, Campos Gerais, o CTP leva conhecimento e profissionalização a bovinocultura de leite de todo o Paraná.

O Paraná detém o título de segundo maior produtor nacional de leite, atrás de Minas Gerais. Também é no Paraná que estão os municípios com maior produção leiteira do país. Castro e Carambeí, nos Campos Gerais, elevam a produtividade e a qualidade do produto paranaense. Na base dessas conquistas está o trabalho do Centro de Treinamento Pecuário (CTP), localizado em Castro, que, em parceria com o Sistema FAEP/SENAR-PR há mais de 25 anos, proporciona conhecimento e profissionalização para os bovinocultores de leite do Estado.

O CTP foi criado em 1966 por meio de uma parceria entre o Brasil e a Holanda, reproduzindo no município dos Campos Gerais uma estrutura semelhante a uma escola de treinamento leiteiro holandesa. O local conta com alojamentos, refeitórios e salas de aula específicas para os treinamentos.

“Uma virtude do nosso modelo é que também somos produtores. Temos duas unidades de produção, uma grande e uma pequena. Esse detalhe é muito bom, pois vivemos o dia a dia de uma propriedade leiteira e todas as inovações, que acabam sendo incorporados aos nossos cursos”, afirma o diretor-executivo do CTP, Enio Karkow.

Somando as duas unidades de produção, o CTP produz 12,4 mil litros diários. A grande unidade possui gado da raça Holandesa e é dotada de uma sala de ordenha para 12 animais, representando a realidade de uma produção de porte mais robusto. Na pequena unidade, a estrutura é mais simples e utiliza gado Jersey.

O objetivo com essa diferenciação, segundo Karkow, é reproduzir dois diferentes modelos de produção, de modo que os alunos possam se espelhar naquele que melhor representa sua realidade. “Independentemente de porte e de tamanho, as duas unidades usam as melhores tecnologias possíveis. A grande [unidade] tem uma estrutura maior, mas a pequena, dentro da simplicidade, acaba representando a realidade da maioria dos participantes”, diz.

Capacitação

De acordo com o instrutor do CTP, Clemente Lourenço Gerhards, muitas vezes é preciso promover uma mudança cultural junto ao participante do curso. “Acontece de o aluno estar no mesmo sistema de produção há vários anos, acreditar que é mestre no assunto e que não tem mais o que aprender, mas existem vários pontos em que pode melhorar”, acredita.

Segundo Gerhards, cuidados com higiene e limpeza geralmente estão entre os pontos negligenciados pelos participantes dos cursos. “Isso não é bom, pois essas questões vão refletir diretamente na qualidade do produto, e, consequentemente, na remuneração”, diz.

Neste ponto entra a importância dos cursos realizados para a melhoria da produção de leite no Estado. Inclusive, no mês de maio, o CTP realizou seu curso de número mil, sendo que mais de 16,3 mil pessoas foram certificadas ao longo de 55 anos.

O produtor Vinicius Gabriel Ostapowicz foi um dos alunos da turma número mil. Para o jovem, a experiência agregou conhecimentos à sua rotina de produção, que já estão sendo colocados em prática na propriedade da família, localizada em Castro. “Já estou aplicando, principalmente na parte preventiva de higienização. Isso reflete na melhoria da qualidade do leite. Agora estamos acompanhando semanalmente como está a limpeza da canalização da sala de ordenha”, relata.

Com 60 vacas em lactação na propriedade, Ostapowicz já mira os próximos cursos que pretende fazer para se especializar ainda mais na sua atividade. “No futuro quero fazer [o curso] de inseminação artificial do SENAR-PR”, planeja.

Atuação

A produção leiteira no CTP teve início em 1972 e a parceria com o SENAR-PR começou há 26 anos. Além de atuar no recrutamento por meio dos sindicatos rurais, eliminando a distância entre os bovinocultores e o centro de treinamento, a instituição proporciona que os cursos sejam inteiramente gratuitos aos alunos. “Começamos com 13 vacas e veio crescendo. Hoje, se somar as duas unidades, temos mais de 400 animais em ordenha, sendo 350 na grande e 60 na pequena”, conta o diretor-executivo.

Segundo Ronei Volpi, presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da FAEP e produtor de leite há mais de 30 anos, o papel do CTP é preponderante no desenvolvimento da cultura leiteira no Estado, por meio da capacitação de produtores e trabalhadores rurais. “Nenhum Estado adquire expertise, nem avança em produtividade e qualidade da produção sem conhecimento técnico de ponta à disposição do produtor”, avalia.

Um exemplo é a bacia leiteira do Sudoeste paranaense, que nas últimas décadas experimentou crescimento expressivo. “Há tempos, nos anos 1990, 2000, tivemos muita participação de produtores do Sudoeste. O CTP deu sua contribuição na adoção de tecnologia, não só no Sudoeste, mas em todas as regiões do Estado. Nosso público está bastante espalhado pelo Paraná”, afirma Karkow.

Serviço

Atualmente, o CTP oferece dois cursos voltados à pecuária leiteira: “Manejo de gado leiteiro para produtores” “Manejo de gado leiteiro para funcionários”, além de capacitações na área de eletricidade rural: “Eletricista rural” e “Motores elétricos”. Mais informações sobre esses e outros cursos do SENAR-PR estão na seção Cursos.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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