Produtores de queijo da região de Araxá avaliam o cenário das vendas de queijo.
leite
Produção de Queijo Minas Artesanal Deise Resende. Foto: Marcelo Resende/Divulgação

O aumento do preço do leite, a desvalorização do produtor rural e o comércio ilegal de queijo é o cenário que tem causado desmotivação dos produtores. Em entrevista ao Portal Imbiara, o produtor de queijo Minas artesanal Marcelo Resende já avalia um cenário diferente para o preço do leite.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a valorização do leite ocorre por conta da redução na oferta. Além disso, a menor produção de leite está atrelada ao avanço do período de entressafra da produção, que ocorre sazonalmente entre o outono e o inverno, quando o clima mais seco prejudica a disponibilidade e a qualidade das pastagens.

“A queda na produção de leite foi devido ao altíssimo custo de produção que levou muitos produtores a vender o gado de leite para abate. Muitos, já cansados, ficando no vermelho há anos, aproveitaram o preço em alta da arroba do boi e deixaram a atividade leiteira”, pontuou Marcelo Resende.

“Muitos também arrendaram suas terras para lavouras de soja e usinas de cana. Com isso, faltou leite no mercado. Isso contribuiu para essa alta que levou o leite a R$ 8,00 até R$ 9,00 o litro. Ficou mais interessante vender o leite para os laticínios e muitos abandonaram a produção de queijo, considerando que vender o leite tem menos risco e trabalho do que o queijo. Hoje, a procura por um queijo de qualidade é muito grande. Tem produtores que estão entregando com 30 dias”, acrescenta Resende.

O litro do leite em 2022 chegou a ser vendido em Araxá por quase R$ 9,00. Nesta semana, já é possível encontrar nas prateleiras por R$ 5,59. Para o produtor, a política do leite ganha mais quem produz mais. Um produtor acima de 1000 litros/dia chega a receber R$3,70, até mais dependendo da qualidade. O pequeno de 100 litros/dia, por exemplo, é de R$ 2,80 até R$ 3,00.

Com o aumento do preço do principal insumo, o queijo é outro produto que vêm sendo alvo da reclamação dos consumidores sobre o aumento no preço. Sobre a valorização do queijo, Marcelo Resende fala ainda que há uma batalha com o comércio ilegal.

Em Araxá, os queijos clandestinos são encontrados de R$ 30,00 a R$ 40,00. Já os queijos certificados de produtores legalizados estão nas prateleiras variando entre R$ 60,00 a R$ 80,00 a peça.

“Essa competição é muito desigual. Os queijeiros compram queijos muito baratos dos pequenos produtores sem nota fiscal, sem custo de produção e colocam esse queijo no mercado, atrapalhando aquele que está certificado, que paga impostos.  Mas com tudo isso, aqueles produtores que fazem um queijo com qualidade, com segurança alimentar, estão vendendo sua produção bem acima desse mercado clandestino”, ressaltou Resende.

O produtor rural Alexandre Honorato, da Fazenda Só Nata, que produz queijos Minas, já foi premiado em mais de sete concursos regionais e destina o produto para seis estados brasileiros. Ele demonstra preocupação quanto ao mercado ilegal do queijo e novas legislações que estão sendo desenvolvidas.

“Estou vendo um cenário bem obscuro para nós produtores, principalmente com essa disputa desonesta pela quantidade de queijos ilegais com o queijo clandestino e o queijo legalizado. O produtor legalizado tem seus custos altos e na hora que você chega no mercado para vender, o queijo ilegal está lá mais barato, o que não permite competir em preço”, ressalta Alexandre Honorato.

“As novas legislações podem acabar com o mercado do queijo, porque todo queijo clandestino vai passar a ter um Sim, um rótulo falso ou um rótulo verdadeiro que os atravessadores podem embalar os queijos clandestino e ninguém falar nada, porque vai estar legal lá na prateleira do supermercado. A tendência é os produtores sérios irem saíndo do mercado e ficarem só a turma do pequeno produtor que vende seu queijo para o atravessador comprar e vender barato”, conclui Honorato.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

Você pode estar interessado em

Notas
Relacionadas

Mais Lidos

Destaques

Súmate a

Siga-nos

ASSINE NOSSO NEWSLETTER