Reduzir o desperdício e avançar na produção de alimentos sintéticos são os caminhos para alimentar o planeta.
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Parece, mas não é: novos compostos, produzidos por biotecnologia, já permitem criar alimentos sintéticos Foto: Adobe Stock

No dia 15, próxima terça-feira, de acordo com as Nações Unidos, o planeta alcançará a marca de 8 bilhões de habitantes. E uma das perguntas que se impõe é como alimentar tanta gente. Reduzir o desperdício e avançar na produção de alimentos sintéticos são os caminhos.

Portanto, prepare-se: vem por aí uma salada de opções, algumas triviais, outras nem tanto. Aqui, você vai conhecer um pouquinho desse novo e surpreendente cardápio.

Vamos começar com os produtos mais consumidos pelos humanos, como o leite. Hoje, mais de 80% da população consomem produtos lácteos. Pensando nisso, cientistas conseguiram produzir um leite com as mesmas proteínas encontradas no leite de vaca, só que sem ela ou qualquer outro tipo de animal.

Isso não significa que não teremos mais vacas no pasto. A mudança, se houver, se dará com o tempo, à medida que as pessoas consumirem mais o produto sintético do que o natural, aliado, obviamente, ao preço e sabor.

Mas, com uma indústria de laticínios que não dependa apenas do animal, aposta-se na redução das emissões de metano, gás de efeito estufa. Sem falar em toda a cadeia de insumos como água, energia e solo utilizados na criação tradicional, que tendem a ser reduzidos.

O açúcar também está na mira. Gosta de chantili? Quando produzido a partir de laticínios, ele tem 38% de teor de gordura. Com coco ou palma, 25%. Mas, se feito a partir de bactérias, em um processo criado na Dinamarca, é possível consumi-lo sem qualquer culpa.

Para o chamado “prato principal”, a proposta de cientistas finlandeses é, no mínimo, inusitada: eles criaram bactérias que consomem hidrogênio do ar, gerando uma substância que pode se transformar em praticamente qualquer coisa.

No futuro, eles imaginam fábricas em que a eletricidade é gerada por fontes renováveis, como a solar ou eólica, permitindo uma produção limpa, sem fertilizantes ou agrotóxicos, com quase zero poluição ou emissões de gases causadores do efeito estufa.

O produto também pode ser utilizado na alimentação animal, reduzindo as grandes monoculturas, como milho e soja, responsáveis hoje por enorme dependência da irrigação e perda na biodiversidade.

Outra alternativa, ainda mais curiosa, vem dos Estados Unidos. Graças a um novo composto, derivado de plantas, os cientistas estão produzindo uma desconcertante variedade de produtos, que vão de fraldas à laptops – e, inclusive, comida.

O material já foi testado na fabricação de pás de turbinas eólicas, que hoje são feitas com fibras de vidro. Como o novo composto, as pás, ao final da vida útil, podem ser reaproveitadas na fabricação de doces e bebidas.

Parece coisa de filme de ficção científica, não fosse um pequeno detalhe: tudo isso já existe, já foi testado e em alguns casos, como o leite sintético, o item já pode ser encontrado em alguns poucos mercados.

Essa transformação mudará não apenas a forma como a humanidade se alimenta, mas, também, a forma como produzimos o nosso alimento. Desde a descoberta do arado, há mais de 5 mil anos, estaremos diante da maior mudança já vista na agricultura. Está servido?

Desperdício

Trinta porcento de tudo o que produzimos para a alimentação humana terminam no lixo. Os motivos são diversos, a maioria injustificáveis, principalmente quando sabemos que um em cada nove indivíduos não tem alimento suficiente para uma vida saudável. Apenas com a eliminação desse desperdício de 30%, os cientistas calculam que já seria possível alimentar todos os atuais 8 bilhões de terráqueos. Para isso, especulam, a produção precisará ser descentralizada, encurtando as distâncias, reduzindo os danos no transporte – o que seria possível com a produção sintética de alimentos. O tema foi discutido na semana passada, nos EUA, durante o encontro da Associação Americana para o Avanço da Ciência. A conclusão é que o alimento sintético, produzido com biotecnologia, é viável. Todavia, os cientistas alertam que a Ciência, sozinha, não fará essa mudança. Aqui, entra a informação, considerada por eles, como fundamental para a “aceitação ou rejeição por parte da população”

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Atualmente, os Estados Unidos estão atrás da Nova Zelândia e da União Europeia nas exportações de laticínios. Entretanto, Krysta Harden, presidente e CEO do U.S. Dairy Export Council, prevê que isso pode mudar.

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