Ontem (20), o Comitê Médico Pela Medicina Responsável (PCRM) dos Estados Unidos, com 12 mil membros, informou que encaminhou ao presidente da Associação Americana do Coração, Robert Harrington, uma solicitação para retirada de uma recomendação que incentiva o consumo de leite de vaca na infância. A preocupação da entidade é com o lobby da indústria leiteira.
“As diretrizes, descrevendo que as crianças com cinco anos ou menos devem beber, favorecem o leite de vaca em vez dos leites não lácteos”, critica a PCRM, acrescentando que eles descobriram que o Conselho Nacional de Laticínios dos Estados Unidos realiza pagamentos anuais à Associação Americana do Coração para promover produtos lácteos.
“Enquanto apoiamos as recomendações de leite materno e água, as diretrizes que promovem o leite de vaca são prejudiciais às crianças”, diz Susan Levin, do PCRM.
E reforça: “É importante observar também que essas novas diretrizes sobre bebidas indicadas para crianças que favorecem o leite foram financiadas em parte pela indústria de laticínios.”
O Comitê Médico sustenta que a principal fonte de gordura saturada nas dietas infantis é o leite e que consumi-lo não garante melhora da saúde óssea.
A defesa de que o alto consumo de leite não ajuda a prevenir fraturas é defendida no periódico JAMA Pediatrics pelo pesquisador Walter Willett e seus colegas da Universidade Harvard. Eles relataram que fizeram uma pesquisa com 96 mil pessoas ao longo de décadas.
Intitulado “Milk consumption during teenage years and risk of hip fractures in older adults”, o estudo concluiu que o alto consumo de leite não ajuda a prevenir fraturas quando as pessoas ficam mais velhas. “O alto consumo de lácteos também tem sido associado a um aumento do risco de câncer no final da vida, incluindo câncer de mama e câncer colorretal”, destacou.
“As crianças podem obter todo o cálcio de que precisam a partir de fontes não lácteas, como feijão, tofu, brócolis, couve, couve, pães, cereais e bebidas enriquecidas com cálcio não lácteos, sem nenhum dos prejuízos à saúde associados ao consumo de produtos lácteos”, defende Susan Levin.