Mais de 50 instituições participaram, nesta quarta-feira (14), do 1º Seminário Conseleites, promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
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Tereza Cristina destaca papel dos Conseleites na atividade leiteira – Foto: Antonio Araujo/Mapa/Divulgação

Mais de 50 instituições participaram, nesta quarta-feira (14), do 1º Seminário Conseleites, promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em parceria com a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados e Embrapa Gado de Leite. O objetivo foi encontro foi ouvir experiências do Conseleites, subsidiar os colegiados recém-criados e incentivar o surgimento de outros no restante do país.   

Hoje, seis estados contam com Conseleites – colegiados que buscam estabelecer um diálogo permanente entre produtores de leite, através de suas entidades, e indústrias de laticínios, por meio de suas representações.

De acordo com Conseleite RS, o encontro deve estimular o debate sobre o estabelecimento de referências de valor do produto em uma cadeia produtiva responsável por 34 bilhões de litros de leite por ano, presente em 98% dos municípios brasileiros e com aproximadamente 4 milhões de produtores.

O evento online, transmitido pelo YouTube, foi aberto pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. “Essa é uma ferramenta para auxiliar toda a cadeia produtiva, mas mais importante ainda é que consegue promover a organização e união das entidades no fortalecimento da atividade”, destacou, referindo-se à atuação dos Conseleites.

O secretário de Política Agrícola do Mapa, Cesar Halum, reforçou que os Conseleites têm como diferencial permitir tratar de forma mais incisiva as demandas do setor, principalmente nos quesitos custos de produção e precificação ao produtor. Ele informou ainda que o Mapa está formatando o Plano de Competitividade do Leite (Compete Leite Br), com 25 metas estabelecidas, entre elas, está a consolidação dos Conseleites.

Métodos

A primeira parte da programação foi focada nos métodos utilizados para a formação de preços pelos Conseleites.  Cada um tem as suas peculiaridades, uma vez que a produção de leite se difere bastante entre as regiões do país. No entanto, todos têm em comum a participação no colegiado de uma entidade independente, ou seja, que não tem interesse comercial na questão dos preços, o que visa evitar privilégios para os produtores ou indústrias.

“Esse é basicamente o papel técnico que as universidades exercem nos conselhos, a exemplo da UPF, no Rio Grande do Sul, e da UFPR, no Paraná. O Conseleite traz informações de forma independentes aos entes da cadeia, não define preços, apenas indica valores de referência que são de livre adesão”, assinalou José Roberto Canziani, professor da UFPR.

Segundo Vânia Guimarães, também professora da UFPR e integrante do conselho técnico do Conseleite PR, os Conseleites têm estatuto, regulamento e sem voto de minerva, apenas acordos entre as entidades. “Valores de referência são gerados a partir do faturamento das indústrias participantes, em um modelo técnico-econômico construído em conjunto. Os parâmetros utilizados na formação do preço de referência levam em conta a qualidade e o volume do leite entregue. Valor de referência não é preço mínimo, mas serve de base para a livre negociação”, esclareceu.

Marco Antonio Montoya, professor da UPF e responsável pela parte técnica da formação de preços de referência no Conseleit RS, ressaltou que em sua análise são considerados parâmetros como custos e sistemas de produção e que a divulgação dos preços se dá sobre um amplo mix de produtos. Também indica qual a participação da matéria-prima na composição do produto. “É um trabalho totalmente isento, transparente e que não beneficia a ninguém.”

Valor de referência não é preço mínimo, mas serve de base para a livre negociação” – Vânia Guimarães, professora da UFPR e integrante do conselho técnico do Conseleite PR

O coordenador do Conseleite RS, Alexandre Guerra, disse que o colegiado gaúcho reúne 18 integrantes, entre entidades representativas de produtores, indústria e câmara técnica, que é composta pela Emater e a UPF, esta responsável pelos cálculos. “Nos reunimos mensalmente em encontros onde os números são abertos, tanto de valor como em volume, fazemos análises de mercado, projeções e tendências com base em cenários. Sendo divulgado somente a circular com os valores de referência por newsletter, redes sociais e aos veículos de comunicação”, observou. Segundo ele, um dos pontos positivos do fórum, além de traçar cenários e estabelecer preços de referência para livre negociação, é a união de diferentes entidades.

Ronei Volpi, presidente do Conseleite PR e presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), lembrou que o trabalho do colegiado do Paraná tem repercussão em programas de governo, como é o caso do Leite das Crianças, iniciativa em que o governo compra até 200 mil litros de leite por dia e distribui às famílias paranaenses e utiliza os valores de referência divulgados pelo conselho.

Volpi lembrou que a Região Sul foi pioneira na criação dos Conseleites. A atividade leiteira em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, sublinho ele, cresce acima da média anual de outros estados. “Boa parte dessa evolução diz respeito à perseverança do bom relacionamento entre produtor e indústria”.

Para o coordenador-geral de Planos e Cenários da SPA/Mapa, Eduardo Mazzoleni, o encontro nacional buscou ampliar a harmonização entre produtores e indústrias e estimular a adesão das entidades na formação de colegiados semelhantes em todo o país. Na avaliação de Mazzoleni, os Conseleites já instalados têm desempenhado um papel importante na consolidação da cadeia láctea e, por isso, são exemplos a serem seguidos para que outras representações possam iniciar processo de implantação em seus estados.

Clique aqui para acessar a íntegra do seminário. https://www.youtube.com/watch?v=ixYkZXzARIg

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