Veja as perspectivas para os embarques de soja, carnes e derivados de leite ante o avanço da doença pelo mundo. Analista fala até em problemas com navios

Veja as perspectivas para os embarques de soja, carnes e derivados de leite ante o avanço da doença pelo mundo. Analista fala até em problemas com navios

27 de fevereiro de 2020 às 17h31
Por Canal Rural

Muito se fala sobre os efeitos do coronavírus na economia mundial e, consequentemente, na demanda por alimentos. Em meio às incertezas, o dólar chegou a bater R$ 4,50 nesta quinta-feira, 27, com investidores migrando para ativos mais seguros.

Mas o Brasil já registrou algum problema nas exportações por conta do surto da doença? O Canal Rural procurou diversas entidades e especialistas para responderem essa questão. Abaixo, confira o que se sabe até o momento:

1. Impacto na China será tão grande quanto a greve dos caminhoneiros no Brasil

O economista da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, comparou o surto de coronavírus na China à greve dos caminhoneiros no Brasil, que aconteceu em maio de 2018 e prejudicou a economia nacional. “Mesmo durando poucos dias, o nosso PIB não se recuperou como esperado e perdemos uma boa parte do crescimento. É exatamente o que será reproduzido na China: um pedaço do crescimento vai embora”, enfatiza.

2. Embarques de soja ainda não registraram problemas, diz Anec

As exportações de soja do Brasil para China não sofreram impacto por conta do novo coronavírus, de acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Contudo, segundo levantamento feito por agências marítimas, que reportam qual a situação em pelo menos 12 portos brasileiros, comparando janeiro de 2020 com o mesmo mês em 2019, houve queda de 64%. Em fevereiro, a diferença foi de 14,5% e para março a projeção é 4,9%.

3. No mercado, peste suína africana ainda pesa mais que coronavírus

A peste suína africana na Ásia ainda é o principal fator a impulsionar as exportações de carnes do Brasil, de acordo com a assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Ana Lígia Lenat. “Ainda temos casos sendo reportados na China. A questão é se vamos exportar mais ou menos por conta do coronavírus, mas a demanda continua aquecida”, comenta.

4. Derivados de leite devem sofrer mais com recuo da demanda

Produtos agroindustriais, como bebidas e derivados de leite, podem sofrer mais com o surto de coronavírus na China, de acordo com o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa. “Alimentos básicos, essenciais, como arroz, feijão e leite fluido tendem a ter uma queda de consumo menor. Já os alimentos sofisticados sofrem mais, pois a elasticidade da demanda é muito sensível à variação de preços”, explica.

5. Países estão sendo paralisados pela doença

O surto de coronavírus no mundo ainda não foi contido. Pelo menos 40 países já confirmaram casos da doença, entre eles o Brasil. O comentarista Miguel Daoud afirma que é uma situação e de grande impacto, comparável ao atentado terrorista do 11 de setembro nos Estados Unidos. “[O medo do contágio] está paralisando a economia dos países aos quais chega. Hotéis e restaurantes fechados. O vírus está atingindo o coração do setor de serviços. A locomoção das pessoas está interrompida. Atingiu até mesmo um dos motores da economia mundial, que é a China”, comenta.

6. Coronavírus: ‘Não podemos estabelecer um limite para a alta do dólar’

Após o dólar atingir o patamar de R$ 4,50 na manhã desta quinta-feira, 27, especialistas projetam que a moeda norte-americana não possui um limite de alta. Para o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos, enquanto o mercado internacional seguir afetado pela incerteza do coronavírus, os ativos brasileiros continuarão pressionados, como a moeda brasileira e de outros países emergentes.

7. Coronavírus pode travar line ups de navios

De acordo com o Carlos Cogo, analista da Cogo Inteligência de Mercado, o petróleo em baixa pressiona as matérias-primas dos defensivos e químicos, mas também afeta as commodities agrícolas, como soja, milho e algodão. “É hora de vender, porque a situação pode piorar e você não conseguir uma line up de navio para originar o grão”, diz.

Companhia do interior de São Paulo deve faturar mais de R$ 1 bilhão e descarta boatos de venda; mirando um eventual IPO, o plano é crescer com M&As, com dois negócios já no gatilho.

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