No caso da balança comercial de leite e derivados, em janeiro, houve um déficit de US$ 21,46 milhões.

O mercado brasileiro de leite e derivados ao longo da segunda quinzena de janeiro e início de fevereiro mostrou uma pequena reação nos preços. Apesar da demanda seguir fraca, algumas elevações foram observadas.

O leite UHT no atacado paulista e o leite em pó foram os primeiros a indicar aumento. Os laticínios seguem com margens apertadas, mas tentando repassar preços neste momento em que a entressafra se aproxima e as importações seguem mais fracas. O leite UHT passou de R$3,15 por litro em meados de janeiro para R$3,33 no início de fevereiro, mostrando uma alta de 6%. O leite em pó fracionado apresentou valorização semelhante no mesmo período, chegando próximo a R$25/kg. Diante desses aumentos, o leite no mercado spot também reagiu, fechando a primeira quinzena de fevereiro em R$2,13 por litro, com alta de R$ 0,10 em relação a segunda quinzena de janeiro em Minas Gerais, segundo o Cepea. No caso do queijo muçarela, o mercado ficou mais estável, com os varejistas mais resistentes ao aumento de preços e aproveitando de estoques industriais sazonalmente mais elevados nesta época do ano. Mas as cotações tendem a se valorizar nas próximas semanas, acompanhando os demais derivados lácteos. Para esse início de ano, destacam-se questões importantes no direcionamento dos mercados.

O clima mais seco e quente alterou as perspectivas para os custos de produção de leite em função dos impactos negativos na safra de milho e soja da América do Sul. Isso acabou afetando as cotações dessas commodities no mercado internacional e no mercado brasileiro. Mesmo com um real se valorizando em relação ao dólar ao longo de janeiro, os preços nacionais seguiram em alta. Entre início de janeiro e início de fevereiro o preço da soja em grão subiu 10%, o do farelo de soja 6% e o do milho 5,5%. Essa tendência de custos mais elevados acaba freando a produção de leite, indicando um mercado com oferta mais limitada. Isso aconteceu em 2021, com queda de 2,4% na produção anual inspecionada e de 5,3% quando se considera apenas o segundo semestre (Figura 1).

No caso da balança comercial de leite e derivados, em janeiro, houve um déficit de US$ 21,46 milhões. Em janeiro de 2021 esse déficit foi de US$ 50 milhões, mostrando que menos leite tem ingressado via importações. De fato, no mês de janeiro as importações, em volume, recuaram 56% enquanto as exportações subiram 95,5%. O saldo líquido (importação menos exportação) foi de 50 milhões ante 141 milhões de litros em janeiro de 2021. Além de um consumo interno mais tímido, desestimulando a importação, o preço internacional também vem subindo. Essa alta restringe as importações e estimula as exportações. No leilão GDT de 01 de fevereiro, o leite em pó integral subiu 5,8% atingindo US$ 4.324/tonelada, como reflexo da desaceleração da oferta em importantes produtores e exportadores como Estados Unidos, União Europeia e Nova Zelândia.

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