Cesta básica pesquisada pelo órgão subiu até 33% no ano passado e consome maior fatia do salário mínimo em 12 anos

Cesta básica pesquisada pelo órgão subiu até 33% no ano passado e consome maior fatia do salário mínimo em 12 anos

Sabe aquele pacote de 5 kg de arroz a menos de R$ 20 ou garrafa de óleo de soja a menos de R$ 4 que você pagava no início de 2020? Pode esquecer desses valores. O aumento de preços desses produtos básicos registrado ao longo do ano passado não foi sazonal. Ele veio para ficar.

A avaliação é da economista Patrícia Lino Costa, supervisora de Pesquisas do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “Houve uma mudança de patamar de preços, não tem volta”, afirmou à Fórum. No máximo, segundo a economista, os valores podem se reduzir um pouco, mas sempre em percentuais menores do que os de aumentos já registrados. E não é só no arroz e no óleo de soja: carne bovina, leite e derivados passam pelo mesmo processo.

Em São Paulo, onde a coleta de preços se manteve presencial, a cesta teve o maior valor do país: R$ 631,46 em dezembro, alta de 24,67% no ano.

Essa quantia representou, ainda, 53,45% do valor do salário mínimo, maior fatia desde 2008, quando o trabalhador usou 57,68% do piso nacional para adquirir a cesta.

Maiores aumentos

Os maiores aumentos do ano foram constatados pelo Dieese no óleo de soja – cujo valor mais que dobrou em 14 das 17 cidades pesquisadas -, no arroz, que subiu até 90%, e a carne bovina, especialmente a de primeira.

“A alta tem a ver com a oferta desses produtos. Existe um problema de oferta que penaliza os trabalhadores”, afirmou a economista. “O Brasil vem exportando muito, uma grande parte da nossa produção, a taxa de câmbio é favorável à exportação”, afirmou. Além disso, Patrícia citou fatores climáticos. “Períodos grandes de seca, depois muita chuva, depois muito calor. Para o produtor do campo, não é bom.”

A carne bovina foi mencionada pela economista com um produto cujo preço vem subindo há alguns anos, mas que teve um salto de quase 25% em 2020, em São Paulo. “Vimos batendo recordes de exportação de carne, o preço vem subindo, fica inacessível ao consumidor, que vem buscando alternativas.”

No caso do arroz, destaque da pandemia, Patrícia explicou que triplicou o volume exportado a partir de maio, sem um estoque regulador interno para manter o preço ao consumidor.

Outro segmento que a economista destacou foi de laticínios, a começar do próprio leite UHT, cujo preço também subiu em 2020 em todas as capitais que fazem parte da pesquisa do Dieese, disparando 31% em São Paulo. “Há um problema na cadeia do leite, cujo preço vem aumentando além do período de entressafra. As indústrias de laticínios disputam o leite com o mercado. Mas elas sabem que tem limite o aumento de preço, um limite no que o consumidor vai pagar, por isso seguram um pouco”, finalizou.

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