O PIB do agronegócio brasileiro não deve sofrer grande impacto com a pandemia de coronavírus. A avaliação é de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), em relatório divulgado nesta terça-feira (14/4).
Três fatores são apontados como diferenciais do agro para conter os efeitos da crise. O primeiro é o dólar alto, blindando a queda nos preços internacionais diante das turbulências na demanda mundial. O segundo são as boas perspectivas de produção de grãos, café e carnes. O terceiro, a baixa elasticidade-renda de produtos alimentares essenciais.
Por outro lado, o Cepea alerta que agroindústrias dependentes do mercado interno, como de móveis e atividades têxtil, de vestuário e calçadista, devem pressionar o PIB para baixo. Outra preocupação é com as indústrias de laticínios e de biocombustíveis, em especial pelo impacto da fraca demanda durante o período de isolamento.
Mercado de trabalho
Os pesquisadores ainda alertam para os efeitos da pandemia no mercado de trabalho do agro, em especial para horticultura, floricultura, produção de leite e indústria de laticínios, indústrias de móveis e as relacionadas a vestuário (têxtil, vestuário e couro e calçados).
“Em termos setoriais, como visto, as perspectivas de impacto da crise são ruins para muitas atividades agropecuárias e agroindustriais que são grandes geradoras de postos de trabalho”
Cepea, em relatório
Mas o Cepea pondera que “a gravidade da situação vai depender da duração desse momento de restrições mais severas à mobilidade e da efetividade das ações do governo, seja de apoio aos empregados (para garantia de renda e logo demanda) ou às empresas”.
Por fim, o estudo aponta como “essencial, neste momento, a eficácia com que o governo faça chegar à grande massa da população de baixa renda os recursos mínimos para sobrevivência, inclusive para adquirirem os produtos que o agronegócio disponibilizará ao varejo”.