Os Emirados Árabes Unidos estudam controlar os preços de alguns alimentos diante da pressão global de produtos agrícolas.
O país do Golfo Pérsico poderia limitar os preços da carne de frango e do leite, disse Mariam Almheiri, ministra de estado para Segurança Alimentar e Hídrica.
Os preços globais dos alimentos subiram para o nível mais alto em seis anos no mês passado, de acordo com um índice das Nações Unidas. A alta foi puxada por culturas como milho e soja, que são amplamente usados para rações em fazendas.
Isso aumenta a preocupação com a inflação de alimentos em países já sob pressão após o abalo das cadeias de suprimento causado pela pandemia de coronavírus.
“Estamos estudando isso com muito cuidado e podemos precisar de alguns ajustes”, disse Almheiri em entrevista, acrescentando que os controles poderiam ser aplicados tanto para produtos locais quanto importados.
A possível medida mostra que mesmo países ricos não estão imunes à inflação. Os Emirados Árabes Unidos, dominados pelo deserto e que importam 90% de seus alimentos, permitem que o Ministério da Economia controle os preços, embora tal medida seja rara.
Almheiri, que assumiu o ministério em 2017, trabalha para melhorar a segurança alimentar dos Emirados Árabes Unidos por meio de tecnologia, inovação e diversificação das fontes de importação. O país – uma federação de sete emirados, incluindo Dubai e Abu Dhabi – tem incentivado a produção local de alimentos e investido em agricultura com ambiente controlado, como estufas, aquicultura e agricultura vertical, disse a ministra.
“Estamos sendo inundados com muitos pedidos para começar a cultivar alimentos no deserto”, disse Almheiri. “Agora cultivamos mirtilos nos Emirados Árabes Unidos, quinoa, salmão.”
O país, que já é um centro de logística bem estabelecido para o comércio do Oriente Médio e global, pretende se tornar um grande centro de alimentos e tecnologia agrícola, disse a ministra. O governo é “muito aberto” para carnes cultivadas em laboratório ou à base de células e avalia quais regulamentações são necessárias para permitir a venda de tais produtos. Ela também quer reduzir a perda e o desperdício de alimentos em 15% até o fim do ano e pela metade até 2030, disse.