Atualmente, o Espírito Santo produz mais de 1 milhão de litros de leite por dia, o que representa R$ 727 milhões anuais de faturamento, com cerca de dez mil produtores de leite.
De acordo com Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), é a segunda atividade mais presente nas propriedades rurais capixabas, ficando atrás somente da produção de café.
Na localidade de São Vicente, em Alfredo Chaves, o pecuarista Osvaldo Benincá, de 57 anos, é dono da Fazenda Santo Antônio, onde ordenha 400 litros de leite por dia com a ajuda do filho, Gabriel Benincá, de 27 anos. Toda a produção é vendida para a Cooperativa de Laticínios do município, a Clac.
Osvaldo, mais conhecido como Nego, contou que já venceu vários concursos de gado leiteiro da região. Para ele, a pecuária de leite é um mercado que apresenta altos e baixos, mas é rentável.
“É um mercado, às vezes, complicado por causa da variação dos preços que vendemos o leite. Mas, é o que amo fazer. Essa atividade está na minha família há anos, e hoje meu filho me auxilia”, disse Nego.
O secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, destacou a importância do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cadeia do Leite no Espírito Santo, lançado pelo governo do Estado em agosto do ano passado.
Segundo o secretário, a iniciativa é baseada no foco na sustentabilidade e na agregação de valor; no objetivo de aumentar a produtividade de leite nas propriedades e para tornar o Estado autossuficiente na produção.
“O aumento da produção e da produtividade do leite se faz essencialmente para o atendimento das demandas de lácteos da população capixaba. O programa visa atuar no fomento dessa atividade, que é a segunda mais presente nas propriedades rurais capixabas”, afirmou.
Bergoli destacou que o projeto valoriza a produção sustentável.
“Com eixos voltados para a agregação de valor ao produto, o aumento na produção e a produtividade de forma sustentável, fazendo uso tecnologias capacitando o produtor rural e estimulando o consumo, o programa também vai oportunizar e orientar projetos e ações de todas as instituições que trabalham na cadeia produtiva do leite no Espírito Santo”, afirma o secretário.
Cooperativas capixabas responsáveis por 60%
Diretor-executivo do Sistema OCB-ES (Organização das Cooperativas do Brasil), Carlos André Santos de Oliveira destaca que as cooperativas de laticínios capixabas são responsáveis por 60% do leite produzido no Estado.
“Do leite formal e da fiscalizado do Espírito Santo, 60% da coleta, do tratamento e da industrialização desse leite passa pelas cooperativas de laticínios do Estado. Nós temos esse desafio, as cooperativas, o setor de leite, a Secretaria de Estado de Agricultura, todos têm esse desafio que passa pela questão da alimentação, de aumentar a produtividade e a produção de leite”, disse.
Ele explicou que a capacidade de industrialização instalada no Estado está de acordo, mas ainda há necessidade de aumentar a produtividade.
“Nós temos uma capacidade muito boa, mas estamos usando a produção primária do leite. Estamos trabalhando junto com a Seag e o Sebrae, que têm sido os grandes parceiros do cooperativismo para a gente aumentar a produtividade e a qualidade de leite no Espírito Santo”.
Agropecuária cresce 15% e bate recorde no PIB do País
A agropecuária registrou crescimento de 15,1% no ano passado no Brasil, apontam dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação é recorde para o segmento em um ano fechado desde o início da série histórica, em 1996.
Já o setor de serviços teve alta de 2,4% no ano passado, enquanto a indústria avançou 1,6%. Os três setores compõem o PIB pelo lado da oferta de bens e serviços.
Segundo analistas, o desempenho positivo da agropecuária espalhou estímulos para outras atividades. Em 2024, projeções indicam que a safra não deve alcançar o mesmo patamar de 2023.
Valorizar o bem-estar das famílias
Diretor-presidente da Cooperativa de Laticínios de Alfredo Chaves (Clac), Rolmar Botecchia reforçou que a cooperativa de laticínios não deve pensar exclusivamente em lucro financeiro.
“Em uma cooperativa de laticínios, não podemos pensar somente em dinheiro, deve-se pensar nos pecuaristas, no bem-estar das famílias deles. O pecuarista deve ter acesso a uma tecnologia de ponta”, disse.
“No nosso caso, damos assistência em medicina veterinária, compra de equipamentos, de ração. Buscamos parcerias com prefeitura e com o Estado. O leite é recolhido nas fazendas pelos caminhões da cooperativa. Na sede da Clac, fazemos a coleta do leite quando chega, para saber sobre sua qualidade. Dificilmente dá problema”, completou.