O setor está se esforçando para descobrir maneiras de impedir que mais leite seja desperdiçado.
Os produtores de leite dos EUA não são os únicos a lidar com a grande incerteza proporcionada pela crise do coronavírus a indústria também está sofrendo.
Nem todas as fábricas fazem a mesma coisa. Alguns pasteurizam o leite fluido, enquanto outros pegam o leite cru e transformam em queijo, manteiga ou sorvete. Algumas abastecem prestadores de serviços de alimentação, como lanchonetes ou restaurantes escolares, enquanto outras vendem para grandes empresas de bens de consumo ou varejistas. É possível que os processadores mudem de direção, mas isso leva tempo.
Para a Borden, um dos maiores processadores de leite do país, a drástica mudança na demanda foi uma grande perturbação. “Cerca de um terço da nossa produção total vai para escolas ou restaurantes”, disse o CEO Tony Sarsam. “Eu tenho exclusivamente linhas dedicadas a leite escolar”, disse ele. “E temos rotas dedicadas a entregar leite nas escolas. Em meados de março, perdemos quase instantaneamente a maioria dos dois”, disse ele.
A demanda do varejo aumentou, à medida que os consumidores estocam alimentos básicos e preparam mais refeições em casa. “Foi um ato de malabarismo reajustar”, disse Sarsam. A Borden fez a transição de muitas de suas linhas de produção para atender supermercados. Mas a mudança não foi suficiente para compensar as perdas. A produção de galões de leite caiu cerca de 25%, segundo ele. E, embora a empresa esteja doando leite aos necessitados, ainda não é capaz de suprir essa nova lacuna na produção.
“A empresa doou mais de 700.000 porções de leite para bancos de alimentos, abrigos para sem-teto e outras instituições de caridade”, disse Sarsam. Mas esses lugares têm suas próprias restrições e não podem receber mais do que sua capacidade de refrigeração e distribuição. Com a demanda diminuindo tanto, não faz sentido Borden captar a mesma quantidade de leite dos produtores.
A indústria de leite já vinda sofrendo antes da pandemia. A Borden entrou com pedido de falência em janeiro, justificando, na época, que não podia pagar sua carga de dívidas e obrigações. As limitações de capacidade e a difícil situação financeira levam os processadores a poderem aceirar apenas um volume específico de leite.
O caminho a seguir
Produtores de leite já estão tendo que descartar leite. O setor está se esforçando para descobrir maneiras de impedir que mais leite seja desperdiçado, sem prejudicar ainda mais a indústria. A Federação Nacional dos Produtores de Leite e a Associação Internacional de Alimentos Lácteos estimaram que a oferta excede a demanda em pelo menos 10% e pediram ao USDA que forneça incentivos financeiros aos produtores para reduzir sua produção, durante cerca de seis meses. Eles também solicitaram compensá-los pelo leite descartado por cerca de três meses.
Os grupos estão pedindo ao governo para comprar produtos lácteos e doá-los aos bancos de alimentos, uma maneira de alimentar as pessoas necessitadas e impedir que a demanda caia ainda mais. Essas medidas, entre outras, poderiam ajudar a estabilizar o setor de laticínios e reduzir o descarte de leite.
Dennis Rodenbaugh, da Dairy Farmers of America (DFA), disse que a cooperativa também está trabalhando com marcas de alimentos para tentar aumentar o uso de lácteos nos produtos. Uma maneira de fazer isso: pizzas de queijo.
“No momento, temos consumidores presos em casa”, disse ele. “Eles estão sentindo a vida um pouco sem graça. Como podemos adicionar sabor? Se os fabricantes de pizza adicionarem mais queijo às suas pizzas, eles serão um novo destino para o excesso de leite”.
Além das pizzarias, “também estamos pedindo a todos os serviços de alimentos que estudem aumentar a utilização de queijo em seus produtos. Adicione 30 gramas de queijo em cada hambúrguer, taco ou sanduíche. Isso fará uma enorme diferença na utilização do leite”, disse ele.
Travis Fogler, CFO e gerente de operações de laticínios da Stonyvale Farm, espera que mais tempo em casa ajude os consumidores a voltar aos antigos hábitos ou a cultivar novos, como cozinhar. “Acho que há uma luz do outro lado”, disse ele. “Como indústria, esperamos que, como as pessoas estão em casa, passem mais tempo com a família, voltem a comer cereais no café da manhã porque têm tempo e bebam leite fluido, e que isso dure leve a um aumento na demanda”, disse ele. “À medida que nos reajustamos ao que quer que seja esse novo normal, esperamos que os laticínios possam se tornar parte da vida das pessoas novamente.”