A evolução da produção de leite no Brasil chama a atenção quando é contrastada com a da Argentina nos últimos anos. Muitas vezes essa comparação é feita como se o primeiro simplesmente tivesse decidido produzir mais leite, mas existem fatores subjacentes que explicam essa diferença.
1. O Brasil produz menos do que consome e a demanda emite sinais claros (entenda preço) de tentativas para substituir as importações. Diferente é o caso da Argentina, que produz mais do que seu mercado interno consome e está um passo acima sem saber se dá o salto para as exportações ou continua extraindo excedentes pensando no mercado interno. Ressalte-se que do total produzido no Brasil, apenas cerca de 70% é industrializado (cerca de 25 bilhões de litros), enquanto na Argentina é de 93%.
2.- O produtor brasileiro obtém um preço pelo leite geralmente superior ao seu custo de produção, que é de US$ 0,28 por litro. Nos últimos 3 anos, o pecuarista argentino recebeu -22% menos pelo leite do que os produtores brasileiros recebiam. Um exemplo disso é a evolução observada até agora em 2020:
3.- O produtor de leite no Brasil (cerca de 900.000) tem acesso a empréstimos para investir e crescer com taxas anuais de 7% em Reais a serem pagos em 10 anos e 2 ou 3 anos de carência.
Com essas diferenças, que são fundamentais, o Brasil tem confinado um grande número de vacas. Nos últimos 5 anos, mais de 1.000.000 de vacas deixaram uma fazenda de baixa produção (18-20 litros por vaca no sistema tradicional) e foram para barracões de 200 a 300 vacas com compost barn para alcançar produções superiores a 30 litros. Isso está revolucionando o Brasil.
A produção leiteira especializada (raças leiteiras versus duplo propósito) está crescendo e atualmente está perto de 35% de todo o volume de produção. A partir de uma grande proporção de Girolando, está sendo incorporada a vaca Holstein com maior potencial leiteiro.