Primeira providência: profissionalizar o setor da pecuária leiteira. Paulo Martins, que dirigiu a Embrapa Gado Leiteiro, dará consultoria. Tudo será possível com o mesmo rebanho de hoje.
Legenda: Plano da Faec é dobrar a produção deleite do Ceará, que foi de 1 bilhão de litros em 2021. Foto: Divulgação

No ano passado, o Ceará produziu 1 bilhão de litros de leite de vaca, a maior parte dos quais foi beneficiada pelas indústrias de lacticínios que a transformou em leite Longa Vida, requeijão, queijos, iogurtes e manteiga.

“Essa produção é muito pequena diante do potencial do setor”, reclama o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, que, juntamente com o seu consultor Carlos Matos, ex-secretário de Agricultura Irrigada, acha possível, em curto prazo, alcançar uma produção de 2 bilhões de litros.

Para tratar do que fazer e como fazer para que essa meta seja alcançada, os dois reuniram sexta-feira alguns dos maiores produtores cearenses de leite, entre os quais David Girão, que, com o pai Luiz Girão, produz, em sua fazenda na Chapada do Apodi, 30 mil litros por dia.

A Faec, com a consultoria de Carlos Matos, elaborou um plano estratégico, que começa a sair do papel.

“A primeira coisa a fazer, e isto já foi decidido, é profissionalizar a pecuária cearense. Nossa produtividade ainda é raquítica: média de 1.500 litros por vaca/ano. Podemos dobrar, em pouco tempo, essa produtividade. Ou seja, com o mesmo plantel leiteiro que temos hoje, poderemos produzir o dobro do leite que estamos a  produzir agora”, disse à coluna Carlos Matos.

Como isso será possível? – indagou a coluna. Matos respondeu assim:

“Haverá um trabalho intensivo de assistência técnica. Para isto, a Faec contratará um novo grupo de técnicos para implementar essa assistência, que incorporará novas tecnologias. Por sua vez, a Betânia Lácteos, maior indústria beneficiadora do Ceará, que tem direto interesse na implementação do projeto, celebrará parceria com a Faec para viabilizar e acelerar essa profissionalização que, por via de consequência, resultará na melhoria da qualidade do leite”.

Ainda de acordo com Carlos Matos – que coordenará as ações do projeto de profissionalização da pecuária cearense – foi decidido que será criado o Núcleo Estratégico de Desenvolvimento Setorial (Neds), que, a exemplo do já existente na carcinicultra (camarão), será integrado por representantes da cadeia produtiva do leite.

“Estamos atraindo para o nosso projeto um dos maiores técnicos do país, Paulo Martins, que foi o Chefe Geral da Embrapa Gado de Leite, que nos auxiliará em todo o processo que nos levará a dobrar a atual produção de leite do Ceará”, anunciou Carlos Matos.

Entusiasmado com o que está por vir, ele lembra, ainda, que o plano estratégico da Faec terá três impactos importantes:

“O primeiro será o encaminhamento do setor pecuário cearense para a linha de carbono zero, o que quer dizer o seguinte: vamos dobrar a produção de leite, usando apenas a metade do rebanho que utilizaríamos se não houvesse o comprometimento com a sustentabilidade ambiental. O segundo grande impacto será na renda do produtor, que aumentará com a profissionalização do setor e com a assistência técnica de que disporá para melhorar a eficiência do seu trabalho e dos seus cuidados no manejo do rebanho e do leite produzido”, afirma ele.

Carlos Matos pensa um pouco e, com a alegria de quem encontrou um tesouro, finaliza:

“E o terceiro impacto será ainda mais importante. Somos um estado encravado no semiárido, que praticamente não faz planejamento de forragem e, quando faz, muita vez é um esforço frustrado por força do ciclo de chuvas. Então, com o aumento da produtividade, poderemos reduzir pela metade a demanda de volumosos, a demanda de capim, e isto é estratégico. A pecuária cearense representava, havia 10 anos, 1,4% da produção nacional de leite bovino. Hoje, representa 2,4%, o que mostra uma boa dinâmica, mostra que o Ceará fez e faz diferente”.

JOVENS NA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Hoje, 15 horas, Palácio da Abolição, a governadora Izolda Cela lançará o Projeto C-Jovem, cujo objetivo é capacitar, em até cinco anos, 100 mil jovens no desenvolvimento de tecnologias da informação e comunicação.

A iniciativa, que reúne Governo do Ceará, instituições do ensino superior e grandes empresas do setor, nasce diante da necessidade que tem o mercado de profissionais para a área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no Brasil.

Na primeira etapa, o projeto-piloto na rede pública estadual de ensino capacitará 214 professores e 4.358 alunos dos cursos técnicos em Rede de Computadores e em Informática de 109 escolas estaduais de educação profissional.

A partir de segunda-feira, 18 de novembro, agricultores se mobilizam contra o acordo de livre-comércio entre a Europa e cinco países da América Latina, rejeitado pela França. François-Xavier Huard, CEO da Federação Nacional da Indústria de Laticínios (FNIL), explica a Capital as razões pelas quais o projeto enfrenta obstáculos.

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