Já a nota da Marfrig foi prejudicada pelo fato de a companhia não ter meta climática baseada na SBTi, objetivo para emissões de metano e também por não divulgar o estado atual da liberação desse gás. Porém, sua classificação foi favorecida pela adoção de esforços para a redução das emissões de metano e pela joint venture com a ADM na PlantPlus Foods, também de plant based.
O metano entrou no foco com a divulgação, em abril, de um relatório do Programa Ambiental da ONU (Unep) que indicou já ser possível reduzir as emissões de metano em 180 milhões de toneladas por ano até 2030, o que impediria o aquecimento global em 0,3ºC até 2040.
O relatório ensejou uma iniciativa dos EUA e da União Europeia – o Compromisso Global de Metano – que prevê a redução das emissões do gás em 30% até 2030 ante 2020. Já há adesões de 30 países, mas o Brasil ainda está de fora. Há expectativa de mais adesões até a COP26. Mas, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), é preciso uma redução de 45% nas emissões de metano até 2030 para limitar o aquecimento global a 1,5ºC.
Cientistas avaliam que cortar as emissões de metano é um bom caminho para conter o aquecimento, já que o gás fica menos tempo na atmosfera – até 12 anos, enquanto o carbono permanece por séculos.
“Estamos trabalhando na definição de KPIs claros para nossa estratégia de descarbonização. O plano de metas baseadas na ciência para chegar ao objetivo Net Zero 2040 está sendo desenvolvido com critérios estabelecidos pela SBTi”, disse a JBS, em nota. A empresa afirmou que está construindo um plano de avaliação das emissões do escopo 3 e, sobre as emissões de metano na cadeia bovina, afirmou que se trata “de um desafio setorial, em que ainda há muita desinformação e ausência de estudos conclusivos” – embora esteja trabalhando para mitigá-las.
O diretor de sustentabilidade da Marfrig, Paulo Pianez, afirmou que a companhia submeteu há pouco tempo seu plano de redução de emissões ao SBTi, e que a companhia “provavelmente” ainda terá meta específica para o metano.
Ele ressaltou que, se retirado o efeito do desmatamento, o metano responde por cerca de 95% das emissões do escopo 3, para o qual a Marfrig tem meta de redução de 33% até 2035, ante 2019. Pianez disse que a estratégia para reduzir as emissões do escopo 3 envolve incentivo à intensificação da pecuária, melhoria genética, e aditivos alimentares.
Também procuradas, Nestlé e Danone afirmaram que não tiveram tempo de analisar os resultados.