O Conselho dos Produtores de Laticínios de Santa Fe MeProLSaFe já antecipado na primeira edição do programa Dólar Soja, que os constantes erros do governo, ao qual agora está sendo adicionado o histórica sequía, aprofundaria ainda mais a crise no setor.
A macroeconomia que o governo vem desenvolvendo atrasa as decisões de investimento e gera retração no setor, mas o leite não vai parar de fluir, pois estamos diante de um fenômeno de concentração, e não de uma diminuição da produção.
Sim, a seca atrasará a produção no próximo ano, porque algumas reservas chegarão mais tarde, devido ao atraso no plantio do milho, afetando as fazendas de leite confinadas e pastoris, mas o mercado acabará por acomodá-las.
Há alarme porque o desaparecimento das pequenas fazendas leiteiras levaria a uma queda na produção e a uma conseqüente falta de leite e todos os seus derivados nas prateleiras dos supermercados. Entretanto, não haverá escassez de leite, pois as fazendas não desaparecerão, mas serão absorvidas por outras maiores. Haverá menos, maiores fazendas leiteiras produzindo a mesma quantidade de leite.
O sistema de produção atual exige uma escala maior, o que significa que alguns produtores terão que deixar o negócio como está, e outros se expandirão. Mas a atividade leiteira não se extinguirá, mas terá que se adaptar aos tempos de mudança.
O governo precisa de reservas para poder cumprir seus compromissos internacionais de dívida e está lançando medidas nas costas dos produtores que não levam em conta os danos que eles causam.
A implementação do programa Dolar Soja, a transferência de renda para exportadores de grãos, grandes produtores agrícolas e proprietários de terras, atinge duramente os pequenos produtores, retira do jogo e deixa todas as atividades dependentes dos grãos, e que também alugam as terras que trabalham, cambaleando.
MeProLSaFe prevê que a combinação do clima e da política levará a uma forte queda na produção de leite nos próximos meses, levando a uma escassez de produtos processados e ao desaparecimento de um grande número de fazendas e produtores de leite. Mas politicamente, não há nada de novo sob o sol… É a seca que mais será sentida.A entidade não apenas prevê tempos complicados, mas propõe ações concretas para evitá-los e equilibrar as necessidades do governo com as dos produtores: o governo deve ajudar os menores, compensando o preço do leite cru no portão da fazenda, com financiamento a taxas baixas e prazos estendidos, e modificando a estrutura de custos.
Dizem que se estas alternativas não forem implementadas, ou forem contempladas no momento errado, muito poucas fazendas leiteiras sobreviverão ao desequilíbrio econômico e à seca extrema, e haverá uma escassez de produtos processados no próximo ano. Os preços dispararão e terão impacto sobre o custo da cesta básica de alimentos, agravando ainda mais a inflação.
? Paralelos…
Eles já haviam falado sobre tudo isso em setembro, em várias reuniões com funcionários, quando a desesperada medida Dolar Soja era uma novidade, e prometeram ser única e irrepetível, e fizeram propostas que ainda estão em vigor. As respostas prometidas ainda são aguardadas.
O consumo de lácteos é bom, mas produzi-lo é cada vez mais complexo e requer mudanças no pensamento e na infra-estrutura do produtor. O leite não vai parar de fluir, mas as políticas macroeconômicas estão forçando os produtores de leite a repensar o negócio.
Valeria Guzmán Hamann
eDairy News