Conforme a entidade, o custo de produção continua elevado, impactando diretamente na rentabilidade do produtor. Ao passo que houve uma diminuição súbita da remuneração do produto em agosto, inclusive à projetada pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite) ao mês, de R$ 2,8157 o litro.
Conforme o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, a redução no pagamento da indústria, que oficialmente já estava 14,8% menor que o de julho (ou em torno de R$ 0,48/litro), saltou para um intervalo visto entre R$ 0,60/litro e R$ 0,80/litro. “Se o preço cair novamente nos próximos 15 dias, há forte risco de desistência de produtores da atividade”, alerta.
Este fenômeno gera profunda preocupação à Fetag-RS, visto que as famílias continuam produzindo em suas propriedades com valores elevados dos insumos, sementes, óleo diesel, defensivos e entregando um produto que têm tendência a não ser comercializado ao mesmo patamar financeiro dos últimos meses. Da mesma forma é observado que empresas brasileiras importaram 130% a mais de leite no mês de agosto de 2022 comparado ao mesmo mês em 2021. Estes elementos representam um enorme prejuízo econômico aos agricultores.
O movimento de mercado inesperado tem como origem a importação de leite em pó da Argentina, segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini. “Eles estavam estocados devido à diminuição das compras chinesas. Com isso, entrou leite em pó no Brasil a R$ 22,73 o quilo, ou não mais do que R$ 2,61 o litro ao produtor”, explica. Além disso, as aquisições ocorreram no momento em que a oferta de leite no mercado gaúcho havia se recuperado, após a forte estiagem do último verão, devido à abundante alimentação de inverno ao gado. Só entre julho e agosto, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, as importações de leite UHT e em pó de países do Mercosul, realizadas pelo Rio Grande do Sul, cresceram 103,53%.
A entidade explica que outros fatores estão vinculados a este cenário e lembra que muitas famílias não foram beneficiadas com o Decreto 11.029 que concedeu desconto nos financiamentos agrícolas de custeio pecuário e investimento no montante de 35% para os atingidos pela estiagem.
A Fetag afirma que a “montanha russa” do preço do leite nas prateleiras dos supermercados se reflete imediatamente na compra do produto dos agricultores pelas empresas e cooperativas. Para Silva, é fundamental que os governos olhem a produção de leite com mais atenção, identificando todos os elos da cadeia, oportunizando políticas públicas para os produtores, mas também para os consumidores terem poder de compra.
A Fetag-RS sugere às famílias produtoras de leite que não façam investimentos pesados neste momento, que busquem a orientação necessárias nos sindicatos dos seus municípios.