Segundo dados divulgados nessa sexta-feira (08/01) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), as importações brasileiras de derivados lácteos apresentaram, no acumulado de 2020, o maior volume desde 2016

Segundo dados divulgados nessa sexta-feira (08/01) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), as importações brasileiras de derivados lácteos apresentaram, no acumulado de 2020, o maior volume desde 2016 – puxado, principalmente, pelo elevado nível de compras brasileiras no segundo semestre do ano; o volume importado em 2020 foi de 1.348 milhões de litros em equivalente-leite, 24,4% maior do que o volume importado em 2019.

Somente em dezembro, foram importados cerca de 181 milhões de litros de leite equivalente, um aumento de 124% em comparação com o mesmo período de 2019 (havia uma expectativa, pelas condições do mercado brasileira, de que este volume pudesse cair em dezembro, o que não aconteceu).

Já quanto às exportações, o volume no acumulado do ano foi de 101 milhões de litros, aumento de 55% em comparação com o ano anterior. Em dezembro, foram exportados cerca de 8,3 milhões de litros, valor estável em comparação com novembro/20, mas 74% superior a dezembro/19. Assim, o saldo da balança comercial de lácteos no último mês do ano foi de -173 milhões de litros (em equivalente leite), uma redução de 4% no déficit quando comparado a novembro/20.

Gráfico 1. Saldo da balança comercial brasileira de lácteos, 2017 a 2020.

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Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT

comportamento do mercado interno de derivados lácteos ao longo do ano foi fator determinante para a dinâmica de importações. A partir de maio pudemos acompanhar um mercado com baixa disponibilidade de leite e demanda mais aquecida, influenciada pelo auxílio emergencial e novos hábitos de consumo. Esse cenário colaborou para o aumento dos preços de leite e derivados no país que, mesmo com uma elevada taxa de câmbio, estimulou a entrada de produtos importados a preços competitivos.

As importações em níveis elevados permaneceram até os últimos meses do ano, mesmo com um mercado interno menos favorável a partir de setembro (aqui, provavelmente o tempo entre fechar as negociações e a efetiva chegada do produto no mercado brasileiro teve um efeito de “inércia” nos volumes importados). Em dezembro, pudemos acompanhar um mercado bastante difícil para os laticínios e forte queda nas cotações. Embora a entrada de importados no mês tenha sido menor que em novembro, ainda assim, os patamares se mantiveram elevados.

Entre os produtos importados pelo Brasil em 2020, o leite em pó integral, o leite em pó desnatado e queijos ainda foram aqueles com maior participação na pauta importadora em dezembro; deles, apenas o leite em pó desnatado apresentou queda, com uma variação de -46% em relação a nov/20 no volume importado. É importante ressaltar que a manteiga apresentou, novamente, aumento significativo de importações. Em comparação com novembro, a variação foi de 141%. Esse cenário reflete a baixa disponibilidade de gorduras lácteas no mercado interno e procura ainda forte.

Em relação às exportações, os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram o leite condensado e o creme de leite, que juntos, representaram 54% da pauta exportadora e tiveram variações de 10% e -9% em relação a nov/20, respectivamente. Um produto que apresentou forte aumento de exportações em dezembro foi o soro de leite (+798%).

Na tabela 2, é possível observar as movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de dezembro deste ano.

Tabela 2. Balança comercial láctea em dezembro de 2020

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Fonte: Elaborado pelo MilkPoint, com base em dados COMEXSTAT.

Este atípico volume de leite importado, sobretudo nos dois últimos meses de 2020 exaltou os ânimos no setor produtivo primário e levou, na época, entidades que representam produtores de leite (como ABRALEITE, Associação de Girolando e Frente Parlamentar Agropecuária) a encaminharam à Ministra da Agricultura Tereza Cristina cartas solicitando suspensão temporária das importações consideradas predatórias.

A “enxurrada de leite” entrando no País prejudicaria ainda mais o setor, que já vinha enfrentando um cenário complexo, sobretudo devido a custos de produção muito elevados (principalmente do concentrado) e à grave seca que acometeu os produtores do Sul do País. O leite comprado pelo Brasil tem origem principalmente na Argentina e no Uruguai, participantes do Mercosul, o que isenta este leite do pagamento da TEC (Tarifa externa Comum) de 28% para importações de lácteos, facilitando a entrada do produto.

O ano de 2021, contudo, parece começar diferente. Com a oscilação/aumento recente da taxa de câmbio e, principalmente, com o aumento dos preços internacionais (lembremos que o leite em pó integral saiu de US$ 3.000/ton para atingir US$ 3.300/ton no último leilão GDT), a competitividade das importações tende a reduzir-se. Além disso, nossos dois principais fornecedores de lácteos (Uruguai e Argentina) tendem a ter menor disponibilidade para vendas ao Brasil, em função da redução sazonal de suas produções de leite.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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