O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alcançou média de 180,5 pontos em fevereiro, queda de 1,9 ponto (1%) ante janeiro, mas alta de 8,1% em relação a fevereiro de 2019. O recuo é o primeiro após quatro altas mensais seguidas.
O resultado, segundo a FAO, foi pressionado em grande parte por uma queda acentuada nos preços de óleos vegetais e, em menor grau, de carnes e grãos, que mais que compensaram o aumento contínuo dos preços de laticínios e açúcar.
O subíndice de preços dos Cereais registrou média de 167,8 pontos em fevereiro, queda de 1,5 ponto frente ao mês anterior (0,9%). De acordo com a organização, os preços internacionais de todos os principais cereais, exceto os de arroz, recuaram em fevereiro. “Os preços do trigo tiveram baixa, em parte devido ao fato de os mercados continuarem bem abastecidos, mas também reagiram aos efeitos negativos na demanda por causa da disseminação do coronavírus”, destacou a FAO.
O levantamento mensal da FAO também apontou que o subíndice de preços dos Óleos Vegetais registrou média de 158,1 pontos em fevereiro, queda de 18,2 pontos (10,3%) em comparação com janeiro, interrompendo a tendência de alta registrada desde julho de 2019. O recuo, segundo a FAO, foi puxado pelo óleo de palma.
“As cotações internacionais de óleo de palma caíram 12% em relação ao mês anterior devido à produção acima do esperado na Malásia, além da queda temporária na demanda de importação indiana e do temor quanto à desaceleração da demanda global após o surto de coronavírus”, enfatizou a entidade.
Os preços dos óleos de soja, girassol e canola acompanharam a queda do óleo de palma em meio às preocupações relacionadas ao surto. No caso do óleo de soja, estoques maiores do que o previsto nos Estados Unidos também pesaram sobre os preços, segundo a organização.
Na sondagem mensal da FAO, o subíndice de preços das Carnes apresentou média de 178,6 pontos em fevereiro, o que indica queda de 3,7 pontos (2%) em relação a janeiro, “marcando o segundo mês de queda, após onze meses de aumentos moderados”. Nesse nível, o subíndice supera em 15,9 pontos (9,8%) o valor registrado no mesmo mês do ano passado. Conforme a FAO, as cotações da carne ovina obtiveram maior baixa, seguidas pelas da carne bovina.
Segundo a organização, os preços das proteínas foram pressionados por retração nas importações, especialmente da China, com atrasos no manuseio de carga nos portos, que levou ao acúmulo de estoques nos principais países exportadores. “O maior volume de abate induzido pela seca na Nova Zelândia também pesou nos preços internacionais de carne ovina”, explica a FAO.
Os preços da carne de aves também recuaram, em função das menores compras asiáticas. Por outro lado, a organização afirma que as cotações de carne suína foram elevadas em meio ao cenário de tensão na oferta europeia, mesmo com a menor demanda de importação.
O subíndice de preços de Laticínios, por sua vez, registrou média de 209,8 pontos em fevereiro, alta de 9,2 pontos (4,6%) em relação ao registrado em janeiro. É o quarto aumento mensal consecutivo. Nesse nível, o subíndice está 17,4 pontos (9%) acima do mês correspondente do ano passado. Em fevereiro, as cotações internacionais de queijo aumentaram 20 pontos (10,6%), impulsionadas pelo aperto nas exportações da Nova Zelândia.
O país enfrenta uma queda sazonal na produção de leite, acentuada pela redução nos embarques da Austrália, cuja produção foi abaixo da média no ano comercial de 2019/20. “Por outro lado, as cotações de leite em pó desnatado e integral caíram, refletindo a desaceleração das compras da China – o maior importador mundial do produto – devido aos atrasos nos portos, afetados pela disseminação do coronavírus”, informa a FAO.
A organização calculou, ainda, que o subíndice de preços do Açúcar ficou, em média, em 209,7 pontos em fevereiro, alta de 9 pontos (4,5%) em relação a janeiro. “Marcando o quinto aumento mensal consecutivo e o nível mais alto desde maio de 2017”, ressalta a FAO.
Segundo a entidade, a alta mensal foi impulsionada pelas expectativas de queda na produção da Índia, segundo maior produtor mundial, e da Tailândia, em função da estiagem. “No entanto, a contínua valorização do dólar ante o real limitou a extensão do aumento nos preços internacionais do açúcar”, pondera a organização.
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