A maior bacia leiteira do Brasil está esperando uma queda adicional na captação de matéria-prima sobre o volume esperado em razão da desaceleração econômica. E também não espera alta de preços que a entressafra normalmente traria.
Minas Gerais contava com recuo normal para essa época que poderia ficar entre 10% e 15% na produção de leite, mas as indústrias já esperam tombo de 20% a 25%. E os preços pagos no spot do pico de R$ 1,70, em fevereiro, despencaram para R$ 1,30 em média no spot, e traz para baixos os praticados na compra do produtor. A pandemia instalada e exigindo menor movimentação da população, mais queda de salários e demissões, fez as empresas ajustarem produção e incentivar os produtores a ‘secarem’” mais cedo as vacas.
As informações de José Antônio Bernardes, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg), dão conta também que a produção de leite UHT, que vinha de ociosidade de até 50%, absorve agora em abril a matéria-prima que iria para queijos, manteigas e outros.
“O quadro de queda nos preços pagos ao produtor veio em abril depois de quatro meses de alta e em média recuou 0,6% em Minas”, avalia Rafael Ribeiro de Lima, analista da Scot Consultoria.
Além de corroborar a subtração maior do que seria o esperado nesta entressafra, bem como a migração do leite de produtos mais caros para o UHT, ele adiciona que a retração das cotações atingiu todo o Sudeste e Centro-Oeste.
E em maio, os preços pagos sobre o leite entregue em abril devem sentir outra piora, também como avalia o presidente do Silemg, elo setorial mineiro responsável por escoar cerca de 9 bilhões de litros leite por ano (40% UHT, 20% leite em pó e o restante para queijos, manteigas etc), mas que deverá estacionar em 8 bilhões em 2020.
Nacional
Rafael Ribeiro de Lima, da Scot, mostra a queda de preços na média nacional foi de 0,25% em abril e o recuo na produção, além da covid-19, tem como causas clima e custos de produção (apesar do milho ter caído de preços este mês).
Fora a queda em Minas Gerais, no Sudeste São Paulo perdeu 0,4%, o mesmo que Goiás no Centro-Oeste.
O Sul teve ganhos moderados, com destaque para 1,2% no Rio Grande do Sul.
“Tinha-se boa expectativa para o setor leiteiro este ano, mas as condições de mercado na atual crise a derrubou”, complementa o analista.