Para Ivan Wedekin, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e consultor na área de crédito rural, a queda do custo de oportunidade do capital próprio do produtor foi um fator adicional à robusta oferta de empréstimos para o desempenho dos investimentos no período.
Segundo ele, parte da explicação vem da diminuição da taxa de juros de mercado e dos recursos livres do segmento, e do “baixo retorno das aplicações financeiras” para o caixa líquido do produtor. “Isto impulsiona o investimento e a demanda por terra. O produtor compara a aplicação de renda fixa por 12 meses com a margem que poderia obter fazendo duas safras por ano”.
Apesar do aumento de R$ 1,5 bilhão nos recursos para equalização de juros nesta Wedekin reforça que é “natural o surgimento de outras fontes de crédito para investimento com a baixa dos juros da economia”.
A expectativa com a Lei do Agro, sancionada em abril para impulsionar o crédito privado e essas novas fontes de financiamento no país, ainda não se concretizou, pois a pandemia da covid-19 mudou o cenário e demandou reforço dos recursos oficiais.
A poupança rural subvencionada é a principal fonte de financiamento até agora na temporada 2020/21, com quase R$ 40 bilhões liberados. Os recursos obrigatórios, que têm juros controlados sem subvenção, aparecem na sequência, com R$ 24 bilhões. Bancos públicos são os principais financiadores do campo, puxados pelo Banco do Brasil.
Fernando Pimentel, diretor da AgroMétrica e presidente da Câmara Temática de Crédito Rural do Ministério da Agricultura, espera maturação das fontes alternativas de crédito em 2021, como as operações estruturadas com CPRs, CRAs e FIDCs, para corresponder ao “momento de entusiasmo do setor” e viabilizar o “desmame” do agro dos recursos oficiais, conforme planejado pelo governo, focando as subvenções na produção familiar.