Derivados do leite e energia tiveram variação acima do esperado; artigos de residência e cuidados pessoais estão entre as surpresas positivas.
IPCA

IPCA de setembro, com variação negativa de 0,29%, é resultado de medidas adotadas pelo governo, como redução da alíquota do ICMS, principalmente, em energia e combustíveis, entendem analistas do mercado.

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Foto: Reprodução

Para ele é possível que haja mais um ou dois meses de deflação dependendo do nível de desaceleração da economia mundial por conta da política monetára nos EUA e Europa.

Isso porque a política agressiva adotada pelos bancos centrais tende a diminuir a inflação global, o que impactar positivamente os dados dos IPCA aqui. “Eu não acredito em recorrência de mais meses de deflação. Vamos voltar ter uma aceleração de preços por mais que seja num ritmo menor do que vimos nos últimos meses”, afirma o especialista.

A deflação apontada em setembro, de 0,29%, foi um pouco menor do que a estimada pela economista da XP, Tatiana Nogueira, que também era consenso de mercado e ficava entre 0,33% e 0,34%. ” A deflação foi resultado da queda nos preços de alimentos e combustíveis”, aponta ela.

Surpresas no IPCA

Entre os desvios altistas, segundo a economista da XP, apareceram o leite e derivados e energia elétrica. O primeiro, depois de subir 40% no ano, começou a cair de forma intensa em setembro. A projeção era de queda de 9% em leite e derivados, mas ficou em 6,15%. Já a energia elétrica subiu 0,78%, enquanto a estimativa era de alta menor, de 0,3%.

“Um dado que me chamou atenção foi o arrefecimento dos núcleos e do índice de difusão, o que é muito positivo” ressalta Jorge, da Quantzed.

As surpresas baixistas foram mais espalhadas, aponta Tatiana, entre os artigos de residência (-1pp), veículo próprio (-2pp), produtos farmacêuticos (-2pp) e cuidados pessoais (-2pp). “A desaceleração no grupo de bens industriais reflete as quedas já observadas nos índices ao produtor e em cenário de desaceleração do consumo devido ao aberto das condições financeiras. Prevemos que o grupo continue mostrando trajetória mais benigna para inflação nos próximos trimestres”.

De forma geral, embora altas de preços acima do esperado, o impacto é neutro para expectativas da casa em relação à desinflação em já curso. “De um lado itens mais voláteis e que sofreram alteração da tributação com comportamento errático, enquanto inflação de industriais registam mais um número positivo”. Para o ano, a projeção da XP para o avanço do IPCA é de 5,6%, com queda adicional nos preços da eletricidade em novembro devido a alterações tarifárias, sob risco de não se materializar.

“A deflação já era esperada pelo mercado. Sabemos que esse é um efeito temporário. O mercado projetava deflação de 0,33% e veio 0,29%. Conforme o tempo passa e o mercado se acomode a esse benefício fiscal, a tendência é que a gente comece a ver a inflação novamente”, diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, plataforma financeira.

Consumidores brasileiros têm se surpreendido com a alteração do nome do queijo nas embalagens. Essa mudança foi definida em um acordo entre União Europeia e Mercosul.

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