Acordo vai permitir a venda, para o país asiático, de queijos, leite em pó e outros derivados do leite já no próximo ano
Entrada no mercado chinês exige muito mais do que habilitação para exportar
Entrar no mercado chinês e mantê-lo, no entanto, não será uma tarefa fácil para as seis plantas gaúchas já habilitadas para exportar. Além de identificar o tipo de queijo que esse mercado quer, por exemplo, Leonardo Isolan, chefe do serviço de inspeção federal do Ministério da Agricultura (Mapa), destaca que há uma série de normativas, regras e recomendações às quais os embarcadores precisam estar atentos. Foi para isso que o governo montou um roteiro, elaborado pelo Itamaraty, que ajuda indústria e exportadores e evitar erros no processo, em documento que está disponível no site https://pequim.itamaraty.gov.br.
“Também temos que evoluir na rastreabilidade do produto, o que é uma demanda chinesa. E os chineses compram do país, o que significa que se uma empresa errar colocará todas as outras em risco e pode fechar o mercado a todas”, alerta Isolan.
O superintendente federal do Mapa no Estado, Bernardo Todeschini ressalta que, apesar de ser um mercado gigante, todos querem chegar lá e, portanto, os competidores são muitos. Desde 2015, com o fim das restrições ao segundo filho, que perdurou durante muitos anos, o número de crianças que estão nascendo na China atual é um mercado tentador para leite em pó e compostos lácteos, por exemplo.
Mas investir no gigante asiático exige paciência, persistência e não apenas conhecimento de mercado, mas do estilo de negociação chinesa, que é peculiar. Na China, dizem especialistas, boa parte dos contratos fechados são feitos pelo “guanxi”, que significa, relacionamento de confiança. “Nos primeiros encontros muitas vezes eles sequer falam de negócio. Eles querem primeiro conhecer o interlocutor, saber quem é, ter contato pessoal e criar laços”, explica Todeschini.
Para o secretário de Agricultura, Covatti Filho, o Estado ainda precisa de adaptação na cadeia produtiva do Estado, sincronizar extensão rural com a produção e valorizar mais a qualidade. “Temos que fazer um esforço entre indústria, produtores e Estado, para qualificar nosso produto para poder conquistar mercados fora do Brasil”, diz Covatti Filho.
Os números do apetite chinês
Segundo dados do Mapa, os chineses são os maiores importadores de lácteos do mundo, comprando 800 mil toneladas de produto por ano.
Em 2018, a China importou
108 mil toneladas
em queijos, com crescimento anual de 13% nos últimos cinco anos, devido à expansão populacional.
O Brasil produz uma média de
600 mil toneladas
de leite em pó anualmente.
A Viva Lácteos, Associação Brasileira de Laticínios, avalia que a expectativa é que, após o processo de habilitação, o País possa exportar
US$ 4,5 milhões
em produtos lácteos para a China.