Maioria das pizzarias de Fortaleza usa queijo muçarela sem o selo de certificação sanitária. E mais: Vem aí mova deflação!
Lacticínios
Maioria das izzarias de Fortaleza usa queijos sem certificação sanitária, diz o Sindlacticínios / Foto: Diário do Nordeste

Há um debate no setor da agropecuária sobre se a chegada aqui de mais uma ou duas indústrias de lacticínios, como pretende a Federação da Agricultura do Ceará (Faec), contribuirá mesmo para que se alcance o objetivo de, em cinco anos, duplicar a atual produção cearense de leite, que é estimada em 1,5 bilhão de litros/ano.

Na semana passada, esta coluna revelou que o presidente da Faec, Amílcar Silveira, se reuniu com sócios e executivos da mineira Laticínios Porto Alegre, que beneficia 1,5 milhão de litros de leite/dia em suas cinco unidades – três em MG, uma no ES, outra no RJ.

A Faec convidou a Porto Alegre a instalar-se, também, no Ceará.

Nesta ou na próxima semana, Silveira irá a Goiás para reunir-se, com o mesmo objetivo, com os sócios da Piracanjuba, famosa marca de lacticínios daquele estado.

A notícia despertou os produtores e laticinistas cearenses, um dos quais, José Antunes Mota, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Ceará e, também, dono da Laticínios Cambi, apoia o esforço da Faec, advertindo, porém, que, antes da atração de indústrias de outros estados para fazer concorrência à Betânia Lácteos, líder do mercado na região Nordeste, “devem ser afastados os gargalos que hoje dificultam o trabalho de produzir, industrializar e comercializar a produção leiteira cearense”.

Entre esses gargalos, Antunes cita a absoluta falta de fiscalização das autoridades sanitárias, que fecham os olhos para a entrada de produtos oriundos do Norte do país, os quais “não têm selo de qualidade nem de inspeção sanitária, sendo, por isto mesmo, um perigo à saúde pública do consumidor cearense”.

Airton Carneiro, outro empresário cinco estrelas do setor, chama a atenção para o fato de que antigos pecuaristas abandonaram a atividade por vários motivos, entre os quais a baixa remuneração do produtor de leite e, ainda, a concorrência desleal de lácteos, principalmente queijos, que são produzidos e comercializados livremente, sem qualquer fiscalização sanitária.

Esta coluna tem a informação de que a maioria das pizzarias que operam em Fortaleza utiliza queijos de procedência duvidosa e sem certificação dos órgãos da Saúde. Grandes restaurantes também utilizam, na elaboração dos pratos do seu cardápio, queijos muçarela da mesma duvidosa procedência. Isto acontece, igualmente, nas feiras livres e nos pequenos armazéns.

O presidente da Faec admite essas dificuldades. José Amílcar Silveira diz, porém, que sua entidade está mobilizada no sentido de, com o apoio das prefeituras municipais, implantar um sistema eficiente de fiscalização sanitária voltado para as queijarias.

No Ceará, há cerca de 2.500 micros e pequenas queijarias, 100 das quais são o foco da primeira etapa desse esforço da Faec pela sua formalização, o que inclui a obtenção do selo sanitário – informa ele.

“Essa fiscalização, quando tudo estiver funcionando no modo automático, será corriqueira, e os produtores de queijo, que hoje estão na ilegalidade, do ponto de vista ambiental e sanitário, estarão adaptados à nova ordem, e aí o consumidor cearense estará dispondo de queijos saudáveis”, explica Amílcar Silveira.

A concorrência na área da indústria de beneficiamento do leite é vista como salutar. Luiz Girão, fundador da Betânia Lácteos, da qual já se afastou, transferindo para os filhos Bruno e David a sua gestão, entende que a chegada de uma, duas ou três novas indústrias de laticínios ao Ceará fará bem à Betânia, ao produtor de leite e ao consumidor final.

Enquanto não chega uma nova e grande indústria de laticínios, a cadeia produtiva cearense do leite deveria, para começar, pressionar as autoridades sanitárias para que fiscalizem, com severidade, o mercado de lácteos.

“Eles encontrarão coisas absurdas, inacreditáveis”, como diz José Antunes Mota.

VEM AÍ MAIS UMA DEFLAÇÃO!

Esta é a última semana completa do mês de agosto, que terminará no dia 31, quarta-feira da próxima semana. E a semana tem um destaque: a divulgação, na quarta-feira, 24, do IPCA-15, que é uma espécie de prévia da inflação deste corrente mês.

Todas as previsões dos economistas a favor e contra o governo indicam que haverá, outra vez, a queda dos preços pelo segundo mês consecutivo. Em julho, houve uma deFlação de 6,8%. Para este mês de agosto, os economistas do Banco Itaú estão prevendo deflação de 0,84%. Mas os economistas têm errado todas as suas previsões, para cima ou para baixo.

Não é só o IPCA-15 do Brasil que atrai a atenção do mercado, que também está de olho na divulgação dos resultados das atividades nos setores industrial e de serviços nos EUA e na Europa.

Hoje, logo cedo, aqui no Brasil, será divulgado o Boletim Focus do Banco Central, que é elaborado com base nas análises de 100 economistas dos bancos e instituições financeiras do país. O Boletim Focus traz, toda segunda-feira, as previsões para a inflação, o câmbio e o PIB.

As bolsas de valores da Europa abriram em queda na manhã desta segunda-feira, seguindo as bolsas asiáticas, que também fecharam em baixa hoje.

E o preço internacional do petróleo está também em queda. O petróleo do tipo Brent, negociado em Londres e importado pela Petrobras, está sendo negociado nesta manhã a US$ 95,13 por barril, uma baixa de 1,64%.

O petróleo cai porque os Estados Unidos e o Irã estão perto de um acordo nuclear, o que abriria as portas do mercado internacional para o petróleo iraniano, aumentando, assim, a oferta de petróleo.

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A relação entre segurança alimentar e negócios tem ganhado força, já que um descompasso do lado da oferta afeta negativamente a demanda.

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